Enfim, a Bienal do Livro de SP acabou, e tenho vários sentimentos, inclusive contraditórios, em relação a maior feira literária do país. Por um lado... Cansaço misturado com felicidade e com o sentimento de dever cumprido me definem. Essa é a 4ª Bienal consecutiva que participo, mas foi a primeira vez que pude participar, de fato, do evento, indo vários dias seguidos. E pude rever vários colegas de letras e de luta e conhecer vários outros, cujos contatos eram realizados apenas pelas redes sociais. Mas, infelizmente, não reconheci alguns colegas e por isso não os cumprimentei... e outros que, mesmo reconhecendo, não pulei e abracei como gostaria, por pura e simples timidez; afinal, sou tímida pra caramba em alguns momentos, principalmente quando não tenho um pouco de intimidade... Desculpem, queridos! Conhecer pessoalmente alguns amigos e amigas blogueiros, assim como receber leitores antigos e novos, foi realmente maravilhoso! Obrigada a todos que compareceram ao estande só para me ver! Não imaginam como me fizeram feliz durante esses dias de “maratona bienalística” (risos)! Claro que sem vocês nada disso faria sentido. Gratidão imensa a todos! Ter quase todos os meus títulos esgotados também foi magnífico! Mas o mais importante foi a oportunidade de divulgação numa das maiores feiras literárias do Brasil, que é também uma das maiores do mundo! Só isso já compensaria os pés inchados, a canseira e todo o sacrífico feito durante esses 10 dias. Pena que não pude comprar todos os livros nacionais que eu queria... Mas, aos poucos, espero conseguir essa proeza. Obviamente, porém, não posso deixar de falar do outro lado dessa história... Do problema de organização da Bienal, mesmo porque acredito que os escritores, os expositores e, especialmente, o público leitor, que vieram de várias partes do país, mereciam mais respeito! As filas para pegar o ônibus eram verdadeiramente quilométricas, mas nada se comparava às filas para comprar o ingresso de R$ 14,00. Pessoas chegaram a ficar na fila do ingresso por mais de duas horas! Sério. Mais de duas horas, em pé, só para comprar o ingresso. Como pode isso?! E os preços absurdos dos alimentos, inclusive da água a R$ 5,00 (garrafinha pequena), e dos estacionamentos próximos ou dentro do Anhembi?! Um verdadeiro assalto a mão desarmada! Para estacionar, a pessoa tinha de pagar de R$ 40,00 a R$ 50,00 (no último dia)! Como pode um troço desses? Quem esteve no Anhembi, sobretudo no primeiro final de semana, não tem como não concordar que o calor também estava quase insuportável, e o acesso aos estandes era uma “missão quase impossível”, vários corredores ficaram totalmente bloqueados. Teve até gente que passou mal e foi pisoteada, pelo que eu soube, e não havia sistema de voz para anunciar pessoas perdidas no galpão. ‘Marilze Gadamuro, 45, perdeu a sobrinha e a filha durante a confusão. "Estou há mais de uma hora e meia perdida. A desorganização é tanta que nem sistema de voz eles têm aqui. Fui atrás do bombeiro e ele não fez nada. Alguns corredores têm tanta gente que não dá para passar. Nunca mais volto", disse Gadamuro.’ (Veja reportagem aqui.) Comunicar-se pelo celular no galpão também foi algo quase impossível. Não havia acesso à rede 3G e nem sequer as maquinetas de cartão de crédito pegaram nos primeiros dias de feira, o que levou funcionários ao desespero, para tentar obter sinal pelos corredores e concluir a venda via cartão. Alguns até improvisaram com o cabo de vassoura ou com uma garrafa de plástico na ponta e a máquina dentro, para conseguir sinal. Enfim, a todo esse desrespeito inaceitável com o público, com os expositores, que pagaram caro por seus espaços, e com os escritores, registro aqui a minha indignação. E espero, de coração, que esses problemas sejam corrigidos para a próxima bienal. Afinal, o povo paulista e também aqueles que vieram de vários estados, e até de outros países, para São Paulo, para a bienal, merecem muito mais que respeito, merecem eterno agradecimento por tornar esse evento tão grandioso. E, por isso mesmo, essas pessoas não deveriam passar por toda essa frustração, por todo esse sofrimento. Nota do Editor: Janethe Fontes é escritora e tem, atualmente, 4 livros publicados: Vítimas do Silêncio, Sentimento Fatal, Doce Perseguição e O Voo da Fênix.
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