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Opinião
17/09/2014 - 11h05
Corrupção em escala multitudinária
Percival Puggina
 

O pessimista no Brasil é um sujeito bem sucedido. As pessoas olham para ele e proclamam, balançando a cabeça e sinal de assentimento: “Ele já tinha me avisado. Está acontecendo tudo direitinho”. Pois é, modéstia à parte, nos últimos meses tenho me defrontado com esse tipo de sucesso. Há bom tempo proclamei que estávamos chegando ao máximo em matéria de corrupção.

Contestaram-me alguns otimistas inveterados dizendo que não, que não era assim, que o poder ainda era doce e restava muito mel no pote. Mas eu não me referia ao botim remanescente. Batíamos no fundo do poço por algo bem pior do que o aumento do número de assaltantes do erário e da capacidade de operação dos pés-de-cabra administrativos e contratuais. Também estes se ampliaram muito, é verdade. A serem corretas as informações prestadas pelo ex-diretor da Petrobras em sua delação premiada, um pool de empresas abasteceu durante longos anos, um caixa do qual se serviam duas dúzias de eminentes figuras da República. Quem tem põe, quem não tem tira.

Tampouco nos levam ao fundo do poço as reiteradas afirmações de ignorância e desconhecimento das autoridades superiores. “Eu não tinha a menor ideia de que isto ocorria dentro da empresa”, afirmou a presidente Dilma, referindo-se àquela caverna de Ali-Babá montada em função dos negócios com o petróleo brasileiro. A presidente diz que não tinha a menor ideia e eu, pessimista, não acredito. Ora se a presidente, com seu currículo admirável, conselheira da firma, ex-chefe da Casa Civil, ex-ministra de Minas e Energia, poderia estar desinformada sobre a infestação de ratazanas na empresa de onde sairão os royalties para melhorar a Educação do país.

O que nos leva ao fundo do poço é outra coisa, é saber que tão lúgubres notícias se refletiram positivamente nos índices de aprovação do governo e da presidente, candidata à reeleição. Se as pesquisas estão corretas, 38% dos 202,7 milhões de brasileiros, ou seja, algo como 77 milhões de conterrâneos nossos, gente que passa pela gente, que cumprimenta a gente, que vai à missa, que compra, que vende, que trabalha, frequenta escola, universidade, fica sabendo dessas coisas e não dá a mínima. Bate palmas, atira beijinhos e posa para selfies com Sua Excelência. Isso é que eu chamo corrupção em escala multitudinária.


Nota do Editor: Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

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