Há anos, deixei de assistir a campanhas eleitorais, porque, depois de um tempo, concluí que estava vendo sempre a mesma coisa: candidatos insultando os adversários, fazendo promessas mirabolantes e mentindo escandalosamente, como se certos de que todos os eleitores são idiotas que não pensam e se deixam enganar facilmente.

A regra geral é os candidatos tentarem convencer pela emoção, mostrando-se como os que virão salvar a Pátria, resolvendo tudo que seus antecessores não resolveram por desinteresse ou incompetência, como se apenas eles fossem capazes de resolver os problemas que têm nos assolado. Há muito isso me cansou mas, ultimamente, uma coisa me irrita um pouco: os candidatos que dizem: “A saúde do País pede socorro”, “A educação não está formando cidadãos”, “os bandidos estão ditando as regras da sociedade.” Nessas horas, se fosse possível, eu diria: “Vocês estão dizendo tudo o que qualquer brasileiro razoavelmente bem informado sabe. Parem de chover no molhado. A gente não é idiota e não precisa que nos digam a situação do Brasil. Apresentem propostas boas e viáveis”.

Eu adoraria ver um candidato que apresentasse propostas viáveis, não falasse mal dos adversários e dissesse: “Deem-me uma chance, brasileiros. Não falarei mal de ninguém. Quero que façam sua escolha baseados na sua memória e no seu bom-senso.”

Porém, sei que posso soar ridícula dizendo isto. Quem se candidata, quer ganhar de todas as formas e usará tudo o que estiver ao seu alcance, porque isso se tornou a regra.