15/08/2025  21h07
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
03/10/2014 - 07h02
Formando mais e formando mal
João Ladislau Rosa
 

O Ministério da Educação (MEC) autorizou, no início de setembro, a abertura de mais algumas dezenas de faculdades de medicina. Assim, desde então, 39 municípios estão liberados para criar cursos médicos; 14 deles em nosso estado, São Paulo. Outras sete cidades também receberam aval para ter suas próprias escolas de medicina, desde que obedeçam a pequenas adequações solicitadas pelo MEC.

Em agosto último, o governo Dilma Rousseff havia alcançado um recorde jamais visto na história desse país. Em 44 meses de mandato, já autorizara o funcionamento de 62 novas faculdades médicas. O Brasil, do ano 2000 até agora, abriu 136 cursos de medicina.

Para pensar: hoje, temos 242 escolas médicas. Mais da metade nasceram nos últimos quinze anos; as demais nos cinco séculos anteriores de história do Brasil.

Óbvio que isso não é nenhum indicador de avanço social. Para ter uma ideia, a China, com 1,4 bilhão de habitantes, possui 150 faculdades de medicina e os Estados Unidos, com cerca de 350 milhões de cidadãos, tem 141. Não é a quantidade de graduados que implica em avanço dos indicadores de saúde, e sim a qualidade.

Fato é que estamos formando cada vez mais e cada vez pior. Pudera, a maior parte das novas escolas não contam com hospital para treinamento, não existem preceptores qualificados para fazer frente a demanda de novas vagas, as grades pedagógicas estão ultrapassadas e os empresários do ensino não mostram o menor compromisso com o social. Ao contrário, os olhos deles só veem cifrões.

Como as autoridades fazem vistas grossas a tais descalabros, o nível dos novos médicos cai vertiginosamente ano a ano. Em 2013, no Exame do Cremesp, 59,2% dos recém-formados em escolas médicas de São Paulo não atingiram a nota mínima para aprovação. Ou seja, não conseguiram responder corretamente a 60% dos testes propostos.

A fragilidade da formação tem reflexo direto no crescimento de denúncias de erros médicos. Também é eminente aumento de risco à saúde e à vida dos pacientes. Bom lembrar aqui que todos somos pacientes.

Registro que em breve teremos mais uma prova inequívoca do desserviço que a falta de uma política responsável para a educação de medicina presta ao Brasil. Em 19 de outubro, realizaremos a edição 2014 do Exame do Cremesp para avaliar a quantas anda o conhecimento de nossos jovens doutores.

As perspectivas são péssimas. Pelo andar da carruagem, em poucos anos, entrar em um consultório médico pode se transformar em novo fator de risco à saúde da população.

O diagnóstico está dado; resta agir rapidamente para evitar mal maior.


Nota do Editor: João Ladislau Rosa, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.