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Crônicas
15/10/2014 - 15h01
Nossas margens de erro particulares
Marli Gonçalves
 

De tempos em tempos surgem palavras e expressões que como num passe de mágica passam a ser mais faladas do que donzelas entrando em lupanares. Da mesma forma que vêm, vão, e a gente nem percebe. Mas enquanto estão na moda, que também é cada vez mais rápida, chegam a dar enguias. Mas penso que podemos pegá-las e extrair o que nelas houver de bom. Ou, de acordo com a margem de erro, podem ser regulares. São as variações de nossos tempos.

Tempos duros esses. Tempos até bem chatos. Até que o processo eleitoral passe parece que estamos numa arena nos digladiando, e o pior é não ter uma variante para a decisão. Ou se é um ou se é outro. Não me admira que, na primeira rodada das eleições, 28 milhões de brasileiros não tenham querido ser nem um nem outro, nem aqueles outros, numa espécie de revolução silenciosa e à qual não vi ser dada atenção especial, o que me deixa muito cabreira. Porque me parece ser o fato mais preciso do momento, um urgh, uma vaia enorme, milhões de desesperanças, desinteresses, desinformação e beijinhos no ombro que se juntaram, nulos ou brancos. Aí não tem nem teve margem de erro.

A semana foi boa para quem consegue manter o humor, os gozadores e gaiatos adoráveis que fazem do limão mais que limonada, e alguns até vivem disso. A margem de erro foi o assunto predileto. Foto de Araci de Almeida, legenda: Gisele Bündchen, de acordo com margem de erro. Hoje é sexta, mas também pode ser quinta ou quarta, de acordo com a margem de erro. Daí por diante. Dei muita risada.

Creio que poderei colaborar com entendimento maior da raça humana, a partir da tal margem de erro. Depois do sucesso de minhas perguntas não respondidas do artigo passado (E se...?) resolvi me dedicar um pouco a esse assunto, para mais ou para menos, o que pode significar, pode significar... nada! Ou tudo. Depende da pesquisa, da região, da sua cara de pau, do seu índice de sinceridade.

Pensei o quanto a tal margem de erro é a cara do Brasil, o país que não é – o país do Futuro que não chega. Pensa! Tudo anda dentro da margem de erro. Por exemplo, agora, você pode perguntar sossegado, para qualquer mulher, a idade dela. Dentro da margem de erro, dependendo de quem pergunta e para o quê, de qual censo/senso, ela vai responder. No caso, em geral, o “pesquisador” poderá ele próprio classificar a resposta dada como ótima, boa, regular, ruim ou péssima. A propósito, péssima, palavrinha forte, carregada de sentido inquestionável. E que o atual governo, neste momento, está tomando como carimbo numa taxa de 22%. São 22% de gente com opinião, que vê e sente na pele a realidade, que não está no parquinho de diversões, nem no Imaginário Mundo das Estrelas.

Mas voltando ao nosso assunto e à possibilidade de uso variado da margem de erro que parece até coisa inventada aqui. Ela traz em si um “pode ser também”, que a livra de julgamentos, como se fosse uma afirmação feita antes de um problema. Traz uma elasticidade. Nada é totalmente não ou sim, há uma variação, até condizível com o quanto somos diversificados na vida real.

Se ocorrer, eu disse; se não, de acordo com a margem de erro, tudo bem, era previsto. Corresponderia a uma precaução. Convivemos com a tal margem de erro nossa vida inteira. Onde pode ter alguma variação, oscilação, ela estará lá. Dá para usar para idade, peso (de acordo com a margem de erro você pode ser gordo ou baixo, dependendo do ângulo, do enfoque) ou como está nos parecendo a cada dia mais patente, margens largas sendo usadas para questões éticas. Vide mensalão, e outros escandalozitos que cantam em nossas janelas.

De acordo com a margem de erro, variando para cima ou para baixo, para a esquerda ou para a direita, eles não sabiam de nada, não viram, não perceberam, não têm nada com isso. Ficam indignados, surpresos, vão tomar todas as providências. E, de acordo com a margem de erro, podem até esquecer o assunto.

Assim será até que outra palavra ou expressão entre na moda. Não é que delator, X-9, alcaguete, traíra, agora virou colaborador premiado? Não é que parlamentares, governantes, diretores de estatal, pegos com a boca bem na botija, gente que trabalha com o meu, o seu, o nosso dinheiro, agora virou “agente público”, e não tem nem mais nome nos noticiários? Repara.

De acordo com a margem de erro, variando para cima, no Nordeste, e para baixo, Sul/Sudeste, estão tentando promover no país uma cisão jamais vista, nem quando não tínhamos eleições, muito menos pesquisas.

Disso eu tenho 100% de certeza.

São Paulo, Salvador da Pátria, 2014


Nota da Autora: Marli Gonçalves é jornalista – Vou começar a tentar pagar minhas contas com essa tal margem de erro. O problema é que se passa a data, os juros não são só de 2 por cento para cima ou para baixo.

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