Quando ainda muito pequeno, ao ver uma estrela cadente pela primeira vez, o menino perguntou o que era. Seu pai contou-lhe que era uma estrela que mudava de lugar no céu e que, por parecer cair, recebia o nome de estrela cadente. Disse mais: que no momento em que isso ocorria, poderíamos formular um desejo e este seria atendido pela estrela. O tempo foi passando e o menino sempre fazendo pedidos, toda vez que via uma estrela cadente. Coincidência ou não, seus desejos acabavam por se realizar. Certa vez a mãe do menino ficou gravemente enferma. Depois de vários dias vendo a mãe acamada, o menino foi entristecendo. Uma noite, porém, ao ver uma estrela cadente, ele formulou, com todas as forças de seu pequeno coração, o desejo de que sua mãe sarasse. E assim, depois de suas orações daquela noite, o menino adormeceu. No dia seguinte, bem de manhã, foi acordado pela mãe, que havia levantado porque – para alegria do menino – não estava mais doente. Assim o menino prosseguiu sua vida, sempre formulando pedidos às estrelas cadentes. Já um tanto mais velho, certa vez na escola, a professora passou a explicar sobre os meteoritos, fragmentos de asteroides que se incendiavam ao entrar na atmosfera da Terra e pareciam estrelas que caiam, o que deu origem ao nome de estrela cadente. Em suma, estrelas cadentes não existiam, eram apenas fragmentos de meteoritos incandescentes. O menino ficou muito triste com aquela descoberta e, a partir daquela data, a magia nunca mais funcionou. Os pedidos não foram mais atendidos pelas estrelas cadentes. Como fazer algum pedido para o que não existe ou não se acredita? Essa dúvida matou a mágica, morrendo para ele o poder realizador das estrelas cadentes. Mas o menino seguiu sua vida. As dificuldades passaram a ser superadas, por ele, pela fé inabalável em um Deus magnífico, que se Lhe revelava através dos milagres das coisas simples da natureza. A Deus ele passou a dirigir seus pedidos, almejando pequenos milagres. O vazio da inexistência das estrelas cadentes foi superado. E os saltos quânticos voltaram a acontecer, a magia estava de volta. Muitos anos depois, já adulto, na faculdade, um professor – reconhecido como grande intelectual – propôs-se a explicar aos seus alunos (e a ele entre eles), a impossibilidade da existência de Deus. Disse que, cientificamente poderia provar... Sem esperar pelas próximas palavras, o adulto-menino levantou-se e saiu da sala de aula, decidindo-se pela recusa total àquele conhecimento.
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