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Opinião
15/04/2005 - 15h41
O surto do peixe ou dos jornalistas
Sandra de Angelis
 

A larva do peixe cru dá mais manchete do que o Mal de Chagas transmitido por meio da garapa. Os sushis e sashimis, sob a ótica da imprensa de São Paulo, levaram espectadores à loucura e esvaziaram restaurantes e comércio de pescado, em São Paulo.

Queda de 60% nas vendas de peixe do Ceagesp, nos restaurantes especializados e uma verdadeira avalanche de matérias, que levam o consumidor de nada a lugar algum, foi exibida pelo Fantástico, Jornal da Globo, Jornal Hoje e Fala Brasil, em rede nacional para dizer simplesmente, que um tipo raro de parasita havia sido identificado por um patologista entre um seleto grupo de 25 pessoas. Em doze meses, o laboratório Fleury registrou um número de casos atípico de infecção promovida por uma verminose causada por uma larva que pode ser encontrada na carne de peixe cru, muito comum na Europa, Chile, Argentina e Canadá. A maior novidade é que não era conhecida por essas plagas.

O médico, então, informou as autoridades sanitárias a fim de que outros laboratórios e a classe médica tomassem conhecimento do ocorrido e, com isso, se pudesse evitar um provável erro de diagnóstico. Só isso. A Folha de São Paulo obteve a informação por meio do site do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo e deu a matéria, mas as TVs deram a manchete que quiseram. O espaço que essa informação ocupou e como foi disseminada pelo país mereceu mais preocupação da imprensa do que o realmente grave caso da transmissão do Mal de Chagas entre consumidores de garapa de Santa Catarina.

O peixe cru é consumido pela elite da população. Em São Paulo há mais restaurantes japoneses que churrascarias. Além do mais, o cardápio desses restaurantes contempla uma série de iguarias, igualmente saborosas, e que estariam longe do risco ameaçador da "tênia do peixe". Garapa se encontra em toda feira livre, mercadinhos, parques e em qualquer lugar.

Uma surdez que, provavelmente, foi imposta por medo de perder a audiência da emissora concorrente, não deu importância às informações veiculadas no programa da Silvia Popovic, da TV Cultura, por exemplo. A surdez não ouviu a opinião dos especialistas, que diziam não haver nenhuma gravidade em relação ao tal verme. Essa surdez foi transmitida aos espectadores, que só têm ouvidos para as manchetes da fugaz informação que a TV veicula. E a miopia deixou para trás o grave caso de contaminação da garapa, de Santa Catarina. Peixe cru não se come com "arroz e feijão".


Nota do Editor: Sandra de Angelis é jornalista. Foi pauteira e produtora nas TVs Cultura, Record e Bandeirantes, entre outras.

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