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Opinião
25/10/2014 - 12h09
O pós-2014
Montserrat Martins
 

Há curiosidades, detalhes históricos, que mostram que as coisas são mais complexas do que parecem, no discurso político habitual. Algumas delas estão no livro “O Lado B dos Candidatos”. Por exemplo, Dilma é a candidata de Lula e este se considera um novo Getúlio, mas a coincidência é que em 1954, quando Getúlio agonizava quem estava ao lado dele e foi socorrê-lo, ao lado de sua filha Alzira, foi Tancredo Neves, avô de Aécio.

No pós-64, se forjaram líderes da oposição, com seu auge político em 1984 no movimento Diretas Já. Lançado enfim Tancredo como representante das oposições em 1984, Lula se negou a apoiar, eleição da qual Tancredo não chegou a ser empossado, pois quem assumiu foi Sarney, ex-desafeto e atual aliado de Lula. Agora, em outubro 2014, Lula lembra Getúlio em discursos enquanto sua tutelada disputa contra o neto de Tancredo.

Curiosidades dos últimos 60 anos, estranhamente mais radicalizados nos anos de final 4, que fica aqui na conta das coincidências porque não vamos enveredar para a numerologia (para uma corrente do Tarot, registre-se apenas, o 4 simboliza o poder). O fato é que nada voltará a ser como antes depois de 2014, seja quem vencer nas urnas, pois termos um país dividido como nunca se via desde 1954 (pró ou contra Getúlio) ou 1964 (pró ou contra os militares). Sendo as eleições mais disputadas dos últimos 20 anos, tanto no primeiro quanto no segundo turnos, o discurso político foi radicalizado como nunca. Os oposicionistas falaram em corrupção numa intensidade maior e o governo tachou os adversários de inimigos do povo, num discurso à La Chavez dos “pobres contra os ricos” (em qual grupo ficaria o Lulinha?), daí o novo adjetivo político de “chavista”.

Considerando que os dois lados têm munição e armas de nova geração, os estragos são grandes. A grande mídia noticia a corrupção e o governo se defende dizendo que esta só aparece porque não está sendo ‘engavetada’. Por outro lado, há uma extensa rede com cerca de pelo menos 20 mil blogs “alternativos”, entre simpatizantes e/ou recebedores de apoio governamental. Os milhares de blogs governistas prestaram serviços relevantes à “desconstrução” de adversários políticos, nos dois turnos. O resultado dessa guerra de “memes” anti-governo x anti-oposição é que o desgaste atinge a todos e um fosso foi cavado entre os dois lados. De cada lado do fosso está pelo menos metade do país, considerando que as propagandas “anti” estimularam a ódios recíprocos.

Em 1984 houve convergências suficientes na sociedade para conduzirem ao fim da era militar, em 2002 o então presidente FHC confirmava que passaria a faixa a Lula, como de fato fez, em ambiente cordial. Após combater o plano real em eleições passadas, em 2002 Lula se comprometera com a estabilidade. Foram épocas de consensos sobre a necessidade de renovação política, de mudanças necessárias. Após 2014 qualquer que seja o governo eleito, governará um país dividido, de norte a sul, entre governo e oposição. Uma prova disso é que – ao contrário de todos os debates petistas versus tucanos dos últimos 20 anos – os desse ano não se centraram no dilema modelo econômico estatizante ou privatizações. A pauta do segundo turno gerou em torno de programas sociais que ambos juram defender e ampliar, democracia e luta contra a corrupção que ambos também juram implementar.

Luiz Eduardo Soares, em seu artigo “conversa de segundo turno”, mostrou a semelhança de promessas e os limites das propostas. Dessa vez não se falou em combater o desmatamento, pois grandes desmatadores patrocinam as campanhas. Soares responde, para seus amigos governistas, com uma questão: onde a diferença, se os programas sociais serão mantidos e a estabilidade econômica também? Para a História, no pós-2014 as diferenças estão mais na retórica maniqueísta que em diferenças no modelo econômico do novo governo.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é psiquiatra. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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