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Crônicas
15/04/2005 - 13h09
Ubatuba se despede de sua grande guerreira
Nei Martins
 
 
Arquivo UbaWeb 
  Dona Maria Balio, quando jovem, segurando uma lula.

Como eu gostaria de poder, através de um lindo poema, exaltar a trajetória de bons serviços prestados por Dona Maria Balio. Uma mulher que pela sua luta em prol da região sul do nosso município, tornou-se o ponto de referência, principalmente para os mais humildes.

A Ubatuba dos anos 40 desperta para o surgimento de uma notável liderança que, a duras penas, estava sempre à frente do povo caiçara resolvendo seus problemas. A residência de Dona Maria Balio tornou-se o quartel general daquele povo.

Os anos passaram, essa liderança fortificou-se cada vez mais e, na década de sessenta, Ubatuba elege a primeira mulher para ocupar uma cadeira no Legislativo Municipal. Como ex-funcionário daquele órgão público, tive a oportunidade de testemunhar as ações dessa grande guerreira, época em que os edis não recebiam pagamento e eram na realidade, idealistas que buscavam uma vida melhor para o município.

Quantas noites presenciei a chegada da guerreira da Maranduba com suas vestes molhadas por grandes temporais enfrentados nos 40 quilômetros que separam o centro urbano do bairro da Maranduba. Sua viagem era feita com um jipe já muito rodado, único veículo que a prefeitura dispunha para atender a Câmara Municipal naquela época. Mas, Dona Maria Balio chegava sempre com um sorriso nos lábios, brincando com todos os colegas vereadores e funcionários, aliás, na época, éramos apenas dois - eu e o Sr Valdir de Pinho. Era mais uma sessão de Câmara para Dona Maria Balio apresentar seus requerimentos. Liderança respeitada por todos os colegas da casa legislativa.

Pelo que notamos, Dona Maria Balio conheceu todas as trilhas, ou melhor, como dizem os velhos caiçaras, conheceu todas as picadas que dão acessos às praias e sertões. Quando o povo caiçara não ia até sua residência, a guerreira se dirigia até ele para ouvir seus reclamos. Como eu disse no início, se eu fosse um poeta eu brindaria essa guerreira com versos ilustrativos sugados de seus grandes feitos, mas como não tenho esse predicado, peço licença para usar uma estrofe criada por um grande poeta e cancioneiro popular de Ubatuba, Sr Chico Alves, que diz o seguinte:

"eu sou aquele que andei
sessenta léguas no dia
para ver se breganhava
tristeza por alegria."

Assim foi a vida dessa grande guerreira. Caminhou, caminhou muitas sessenta léguas em sua vida para barganhar tristeza por alegria. Pois ela sempre foi a alegria do povo caiçara. Dona Maria Balio, em sua vida, foi educadora, evangelizadora, conselheira, assistente social dos moradores da região sul do município.

Registro aqui nessas poucas linhas a minha alegria pela oportunidade de ter conhecido Dona Maria Balio, a guerreira do povo caiçara da região sul de Ubatuba.

Força, muita força Dona Maria Balio nessa nova caminhada de vida espiritual. Com certeza, serão poucas sessenta léguas para alcançar o topo da montanha onde terá o merecido descanso de suas batalhas.


Nota do Editor: Nei Martins é Cidadão Ubatubense.

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