Marilda estava impossível que só. Ela, que nunca bebeu, resolveu, naquela noite, fazer o balanço das horas finais. Aurelino – o cretino, segundo a família e adjacências – foi eleito por ela, Marilda, o Judas da madrugada. Mas ele lhe deu o troco. (Bêbados, por tolos, sempre se matam, sem achar os moinhos de vento que os perturbam. Presas fáceis.) – Aurelino: você já fez a conta do quanto bebeu nos últimos quinhentos anos? Do quanto fumou nesse meio (?) século que se foi, e eu economizando nas fraldas das crianças? Fosse mais comedido, teríamos um carrinho melhor e uma quitinete na praia. – Marilda, se você pintasse menos os cabelos... – Vem, não. Sei fazer contas. – Falo dos sustos que você me causa sempre que volta da turma que corta e pinta os seus cabelos. Nunca fiz a análise, me viro com a uca. Nota do Editor: Orlando Silveira mantém o Blog do Lando (orlandosilveira1956.blogspot.com).
|