Dia 11/04 o programa da TV Cultura, Roda Viva, trouxe a pessoa de Arnaldo Jabor. Como os entrevistadores convidados praticamente eram todos seus admiradores, o programa foi monótono do começo ao fim, com todo mundo louvando o medalhão e levantando bolas para a sua pavonice, com direito a exibição de trechos de seus filmes e ostensivo comercial de seus livros. Foi menos uma entrevista do que uma louvação. Foi uma aula de antijornalismo. Uma pena. Jabor é uma figura pública importante e um ser intrigante, uma personalidade que desperta curiosidade. O fastio de seu sucesso pessoal era a tônica de seu comportamento, acima dos meros mortais presentes, com estudadas falas de humildade postiça. Confessou que largou o cinema porque o governo Collor cortou os subsídios aos "cineastas" usufrutuários de impostos. Pelos menos provou para si mesmo que poderia ganhar muito dinheiro sem precisar assaltar os cofres públicos. Ponto para ele. Descobriu as benesses do capitalismo. Pôde-se perceber que ele continua a usar as frases feitas e o maniqueísmo caros aos militantes esquerdistas formados no Brasil a partir dos anos cinqüenta. Tudo dentro do materialismo dialético, a empulhação teórico-acadêmica que embebedou as sucessivas gerações desde então. O entrevistado é uma óbvia vítima desse zeitgeist. Jabor não escondeu o seu desprezo por Severino Cavalcanti, o presidente da Câmara de Deputados, suposto representante da direita política do Brasil. Foi além, ao dizer que Severino não passa de um mero peão, por detrás do qual se esconderia a verdadeira direita (Não soube dizer onde ela anda, talvez debaixo das camas dos comunistas. Serão os banqueiros amigos e financiadores do PT?), que periga voltar ao poder se Lula fracassar. Não teve pejo em dizer que a moralidade política foi estabelecida pelos governos de FHC e Lula, como se nos últimos dez anos os escândalos não tivessem tomado conta dos jornais, em contraste com a relativa moralidade que o País viveu durante o regime militar. O caso das FARC denunciado pela revista Veja e o caso Waldomiro Diniz, além do de Celso Daniel, são recentes demais para se alegar amnésia. Nem uma palavra para o maior de todos os escândalos, a exorbitante carga tributária que hoje escraviza toda a nossa gente, em benefício de uma minoria que se locupleta à custa de quem trabalha. E o segundo maior escândalo, que é a interferência cada vez maior do Estado na vida das pessoas. Ele não percebeu a enorme contradição em que caiu ao falar da matança diária que há no Rio de Janeiro, com destaque para os trinta mortos a esmo por um esquadrão feito recentemente. Foi a esquerdona, no poder há décadas naquele Estado, a responsável pelo massacre, por ação e omissão, pela incompetência e pelo corpo mole que faz com o crime organizado, havendo até mesmo suspeitas de cumplicidade nos financiamentos de campanha. Se os homens executados tivessem uma única arma para fazer frente ao fogo covarde provavelmente os mortos seriam em menor número e poderíamos ter tido baixas do lado agressor. Mas a burrice crônica do esquerdismo irresponsável atribui os crimes à posse de armas por civis, os mesmos que tombam desarmados diante de seus carrascos. Os fatos não são importantes, mas as idéias idiotas tornadas verdadeiras na cabeça dos imbecis. O principal responsável pelo morticínio covarde é a lei de desarmamento civil, que torna os bons cidadãos vítimas fáceis de quaisquer facínoras mais ousados. São os partidários das passeatas pelo desarmamento, o Viva Rio, os idiotas amaricados que desconhecem a essência da natureza humana. São cúmplices por todas essas mortes, Jabor inclusive e principalmente, por influenciar a opinião pública. Sua entrevista foi um lixo, como tem sido as suas crônicas na TV e nos jornais. Quem não viu nada perdeu. No máximo, um comercial gratuito em uma TV estatal, para não perder o costume de usar os recursos públicos em autobenefício. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.
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