No foro de uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, realiza-se na sala do tribunal do júri o julgamento de um peão de estância acusado de tentativa de homicídio. Durante a sessão é chamada a primeira testemunha da acusação, uma senhora de cabelos brancos, curvada pelo tempo que com sua bengala caminha com dificuldade para ser inquirida. Aproximando-se da testemunha perguntou o promotor: – Dona Emerilda, a senhora me conhece? – Claro! Te conheço desde pequeno e francamente me decepcionaste. Mentes descaradamente, explora a pobre da tua empregada, enganas a tua mulher, fala mal de todo mundo e é arrogante com as pessoas da nossa cidade. É claro que te conheço. O promotor ficou branco, sem saber o que fazer. Depois de pensar um pouco, apontou para o advogado de defesa noutro extremo da sala e perguntou: – Dona Emerilda, a senhora conhece o ilustre defensor do réu? – Claro que sim. Conheço desde criança. É frouxo, mandado pela mulher, tem problemas com a bebida, deve para todo mundo e não cumpre o que promete para os seus clientes. O advogado ficou em estado de choque. Então, o magistrado chamou o promotor e o advogado e com voz tênue disse-lhes: – Se algum dos dois perguntar à dona Emerilda se me conhece, juro que mando prender!!! Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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