Não é fácil a população identificar quando um medicamento é falso. Mas os riscos estão aumentando. De acordo com o comitê de investigações do FDA (Food and Drugs Administration), órgão americano que controla medicamentos e alimentos, os casos de remédios falsos quadruplicaram desde o final dos anos 90. Estima-se que entre 8% e 10% de todas as drogas distribuídas no mundo inteiro sejam falsificadas. No Brasil, o Ministério da Saúde conseguiu impor uma pena de até 30 anos de reclusão para falsificadores de remédios. Mas os riscos à saúde do paciente ainda estão presentes. "Quando prescrevemos um tratamento, informamos ao paciente de que forma e em quanto tempo deverá ocorrer sua melhora. Em hipótese alguma os medicamentos prescritos na receita médica devem ser trocados por outros similares. Caso o paciente perceba que ao invés de melhorar está piorando, ou, ainda, que o medicamento está proporcionando reações adversas, deve procurar imediatamente o médico", diz Sandra Houly, médica clínica do Hospital Santa Paula, de SP. Segundo a médica, caso a fórmula tenha sido diluída ou não contenha os princípios ativos descritos para o tratamento do paciente, pode desencadear sérias conseqüências à saúde, principalmente em remédios empregados no tratamento de câncer, controle da hipertensão arterial, dos níveis de colesterol, diabetes e contraceptivos. "Vale ressaltar que o paciente só deve comprar medicamentos com receita médica, prescritos por profissionais especializados, evitando comprar ’soluções milagrosas’ pela Internet ou por telefone." Segundo o Ministério da Saúde, a população não deve adquirir um medicamento quando: · A embalagem estiver aberta, amassada, parecer adulterada. Xaropes e soros devem estar lacrados, nunca abertos. Cartelas de comprimidos devem apresentar o mesmo número descrito na embalagem. · Não consta a validade do produto. · Não consta o nome do farmacêutico responsável pela fabricação e o número de sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia · Não consta o número do registro do medicamento no Ministério da Saúde. · A bula é uma xerox. "Quem estiver sentindo que há algo de errado com o medicamento que está tomando, suspeitando de que ele tenha sido adulterado, deve tirá-lo imediatamente de perto de outros remédios, lacrá-lo com uma fita crepe, impedindo que outras pessoas da família tenham acesso, procurar orientação junto ao médico que prescreveu o tratamento e no Disque Saúde: 0800 611997", alerta a médica. Automedicação e auto-suspensão: outros riscos à saúde "A proporção que o hábito da automedicação tomou deve-se historicamente à falta de fiscalização. Todas as substâncias contidas nos remédios oferecem riscos", diz Sandra Houly. A médica alerta, também, para a venda das chamadas "drogas da academia", que são compostos nutricionais que prometem aumentar a massa muscular e que, usados sem orientação, trazem sérios riscos para o fígado, rins e coração. "Há pacientes que procuram o médico somente depois de apresentarem reações adversas a drogas consumidas por conta própria. A diferença entre o remédio e o veneno está na dose." Há, ainda, remédios que necessitam de controle laboratorial, no intuito de se monitorar a sua tolerância pelo organismo e, dessa maneira, prevenir reações tóxicas para fígado e rins, como é o caso do tratamento para as dislipidemias (alterações metabólicas). "Outra questão relevante é que cerca de 43% dos indivíduos que estão em tratamento para alguma doença interrompem por conta própria. A suspensão repentina de alguns medicamentos também oferece riscos à saúde, podendo haver recaída".
|