Ao contrário da ideia difundida nas redes sociais e de algumas teses de um Brasil dividido após as eleições presidenciais, que não contribuem para a retomada da confiança na economia e o crescimento consistente do PIB, é necessário converter o equilíbrio dos votos, verificado no segundo turno, em fator de legitimação das necessárias mudanças. Ninguém governará para metade da população. Os 203 milhões de brasileiros precisam de políticas públicas eficazes. Este é um princípio básico da democracia. A presidente Dilma Rousseff, como parece ter sinalizado em seu discurso comemorativo da reeleição, precisa ouvir as vozes das urnas e refletir sobre os temas e críticas debatidos, buscando dialogar com todos os setores da sociedade. Em resposta aos brasileiros, o governo deve apresentar uma estratégia concreta e consistente para iniciar um novo ciclo de crescimento sustentado da economia, com ações de curto, médio e longo prazo. Sem investimentos, é impossível retomar níveis elevados de expansão do PIB. Também é preciso racionalizar a burocracia, que dificulta muito o trabalho das empresas. Não só emperra e atrasa numerosos procedimentos, como aumenta os custos. É importante, ainda, dinamizar programas como as parcerias público-privadas e realizar política monetária (juros e câmbio) de estímulo à economia, além da melhoria dos serviços públicos, pelos quais os brasileiros pagam uma das mais altas cargas tributárias do mundo. Também não se pode entender a política de juros altos como fator central de uma política de controle inflacionário. É necessário que a Selic seja fixada em níveis mais estimulantes à produção. Não se pode falar em competitividade sem lembrar as agruras do “custo Brasil”, composto por alta carga tributária, que incide inclusive sobre investimentos, algo raro em todo o mundo; burocracia, capital de giro, energia/matéria-prima e infraestrutura/logística. Tais ônus somam-se a uma política monetária que está na contramão da realidade global. Tudo isso faz com que fabricar no País seja pelo menos 34% mais caro do que nas economias com as quais concorremos. Percebe-se o reflexo desses problemas na indústria de transformação do plástico, constituída por 11.670 empresas, que empregam 358 mil pessoas. Trata-se de um setor no qual predominam empresas pequenas e médias, cujo produto está presente em praticamente todas as cadeias produtivas e que têm feito grande esforço no tocante ao aporte tecnológico e no plano da sustentabilidade, mas que vêm sofrendo com a perda da competitividade. Os diagnósticos do setor e todos os ramos da indústria de transformação mostram-se claros quanto ao esgotamento do modelo de crescimento apenas pelo viés do crédito e do consumo. Além disso, é imprescindível reduzir a burocracia, aumentar investimentos, solucionar o gargalo da infraestrutura, realizar a reforma tributária, desonerar os encargos trabalhistas e pautar o crescimento pelos parâmetros da sustentabilidade. Caso, em seu novo governo, a presidente Dilma Rousseff consiga promover as transformações que o País espera e precisa, certamente unirá a Nação em torno da causa do desenvolvimento. E esta, com certeza, não é regional, mas sim um anseio de todos os brasileiros! Nota do Editor: José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo (Sindiplast-SP), vice-presidente e diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.
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