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Opinião
02/12/2014 - 11h29
Identidade na diversidade
Montserrat Martins
 

Não sabemos disso, pois não está clara nossa identidade nacional, tão diversas são as regiões do país. Mas o Brasil pode ser reconhecido tanto no interior do Acre quanto do Rio Grande do Sul, o que fica mais evidente se você atravessar a fronteira para a Bolívia ou para o Uruguai. Vendo as diferenças para os outros é que reconhecemos as nossas semelhanças, com nossas virtudes e defeitos. O fato é que há um padrão de construções, de vias, de arquitetura, de praças, de comércio, de pavimentações, de paisagem física e humana, que perpassa todo o território nacional e que nos caracteriza, sem que tenhamos consciência disso.

Um país continente manter semelhanças do Oiapoque ao Chuí não pode ser obra do acaso, mas sim do tipo de povoamento histórico e da própria administração do país. Desde os tempos da colonização – e no período republicano desde os anos 30 do século passado – temos governos federais mais fortes que os poderes locais, influenciando nossa formação de padrões nacionais de povoamentos, de construções até mesmo de padrões estéticos e comportamentais.

No Brasil do século XIX, é atribuída à capacidade estratégica e de articulação política de José Bonifácio a manutenção de um território nacional unificado, em contraste com as sucessivas secessões da América espanhola. Os anos 1800, mais que os da Independência nacional, foram os de revoltas regionais, onde os poderes locais ao se rebelar se afirmavam diante do Império central, espírito que persistiu mesmo nos primeiros anos de República. Do século XX até o XXI, tivemos décadas de getulismo, depois de governos militares e agora de lulismo, todos fortemente centralizadores.

Podemos dizer que nosso “padrão” de governo é nacionalista e com uma presença forte do Estado na sociedade. A ironia do capitalismo brasileiro é que até hoje ele mantém laços de dependência do Estado (como “indutor do desenvolvimento”), tal como nos tempos da Colônia e do Império. Mas além dos fatores políticos e sócio-econômicos, há ainda fatores culturais. O povo português é tido como um dos que mais aprecia a miscigenação, em contraste com os outros povos europeus. E o Brasil sempre foi um país aberto a receber imigrantes, tal como os alemães e italianos de presença marcante no Rio Grande do Sul.

Os fluxos internos também tem um papel preponderante nessa identidade nacional. A maioria dos estados tem gaúchos, paulistas, baianos, cearenses, que se fixaram em outras regiões. Se em Brasília isso parece natural, pode parecer surpreendente que mesmo no Acre você encontre cidades com influência de paranaenses, capixabas, cearenses, paulistas e gaúchos. Nosso povo é mesmo “tudo junto e misturado” e isso é uma virtude, um ecletismo, no sentido de que aumenta nossa tolerância com a diversidade, que podemos reconhecer como um gosto nacional. Sim, há os intolerantes e preconceituosos mas eles são uma minoria, por mais incômoda que ela seja, em nossa cultura miscigenada.

Existem os padrões regionais mas existe sim uma cultura nacional, rica em diversidade e em origens. Claro que temos graves mazelas a resolver, além da educação, na área cultural, como a preservação do que resta da cultura indígena, hoje reduzida quase que só aos nomes das localidades do nosso país.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é psiquiatra. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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