O ex-presidente Getúlio Vargas, com sua larga visão sobre a ganância e pequenez dos homens, deu o sangue para implantar a Petrobras porque na época ele desejava construir um país forte e independente. Apareceram os predadores da pátria e fizeram a pilhagem. Por que sempre presenciamos essa trágica tendência de embrutecimento dos seres humanos? Possivelmente devido ao desconhecimento do significado da vida e falta de um sentido mais nobre? Atualmente a corrupção adquiriu grande amplitude, contaminando tudo, mas junto a ela há certo envenenamento que entorpece e embrutece a sociedade. O grande risco que enfrentamos é de que, nesse mar de lama, o Brasil decaia a níveis de exploração como a dos africanos, como se fosse uma nau sem rumo à disposição da pirataria generalizada. Por que não consolidamos o desejo de fazer o Brasil Grande, que segue as leis naturais, visando a paz e o progresso para as novas gerações? Agora chegou o Juízo Final, a sétima fase da operação Lava a Jato, assim denominada pela Polícia Federal que investiga a corrupção na Petrobras. O estudo da ciência econômica não surtiu o esperado efeito de melhora. Na China, como em várias outras regiões, o processo econômico perdeu a naturalidade. As intervenções humanas se revelaram arbitrárias, pois em sua essência não visavam prioritariamente a melhora das condições de vida, da qualidade humana e a sustentabilidade. Então, num prazo maior ou menor, as consequências negativas se fazem sentir. Em tempos não muito distantes, o “financeirismo” e os mistérios do dinheiro não tinham alcançado o estágio dominante; havia espaço para sonhar com um mundo melhor. Agora a pressão pelo resultado financeiro é de tal monta, que não se olha mais para o futuro; queimam-se todos os recursos na busca do lucro presente, sem que se observe o grande passivo humano e ambiental que está se formando. E tudo vai se transformando numa questão de números, tudo dá margem a engordar receitas e ganhos. Agora atravessamos a ameaça de uma paradeira geral e o filão está comprometido. É hora de se negociar uma economia global mais equilibrada, com oportunidades equivalentes aos diversos países. O sistema criado através do dinheiro é insensível, posto que adquiriu a capacidade de comprar poder e mando, se posicionando acima da moral e da ética. Por isso ele se tornou o refúgio, o gerador do grande apego a ele acima de tudo. Por ele as pessoas se matam, mentem, corrompem, traem, e a vida tende a essa aspereza e crueldade sem sonhos que invade todos os setores da sociedade e que não dá mais para disfarçar com discursos de falso humanismo. Em muitos lugares têm faltado planejamento e responsabilidade com o futuro. O caso da água e dos dejetos é emblemático. A nossa espécie, em seu imediatismo e ganância, foi a única que deixou de cumprir a sua tarefa por estupidez e arrogância. A educação e a escola deveriam oferecer conteúdos empolgantes que expliquem a vida, a natureza e a responsabilidade dos seres humanos, para motivar as crianças para o aprendizado permanente. Enveredamos por um caminho desconhecido e perigoso na formação infantil. Ser humano é não se deixar vencer pelos sentimentos menores como raiva, ódio, insatisfação. Temos de nos esforçar para compreender a vida e para de fato nos tornarmos seres humanos que não se deixam atormentar pela ignorância e pelo medo, pois compreendem o significado da existência, pautando-a em conformidade com as leis da Criação, e assim colhendo progresso e felicidade. Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”, e “2012...e depois?”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
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