Em meio a graves problemas na área de segurança pública, a sociedade brasileira é surpreendida por mais um corte orçamentário perpetrado pelo Governo Federal, desta vez no Fundo Nacional de Segurança Pública. Quando as autoridades estaduais mais precisam do apoio do Governo Federal para combater a violência desenfreada, eis que as autoridades de Brasília, numa clara manifestação de descompromisso com a segurança do cidadão brasileiro, decidem esse absurdo corte. Com uma destinação inicial ao Fundo de R$ 412 milhões, a tesoura afiada do Presidente Lula cortou cerca de 58% da verba original, deixando somente R$ 170 milhões. Ora, a finalidade desse Fundo é apoiar os estados, destinando-lhes recursos à aquisição de equipamentos, por exemplo, viaturas, além de materiais logísticos imprescindíveis ao desempenho satisfatório do trabalho policial, como material de informática. O Fundo destina-se, inclusive, à compra de materiais necessários ao treinamento dos policiais, portanto, um corte orçamentário dessa magnitude deixa claro que o investimento na segurança da população não é prioridade do Governo Federal. Com exceção dos elementos que participaram da chacina da Baixada Fluminense, cujo adestramento de tiro é fantástico, haja visto a Perícia Técnica ter confirmado que as 30 pessoas assassinadas foram mortas com tiros à média distância (aproximadamente 10 metros), quando todas foram atingidas na cabeça, pescoço ou tórax, cada uma com dois tiros, a verdade é que temos uma polícia carente de treinamento de tiro e o corte orçamentário no Fundo Nacional de Segurança Pública só vem agravar o problema já extremamente prejudicado pelo altíssimo preço da munição no Brasil, onde uma munição de revólver ou pistola custa 16 vezes mais do que nos EUA. Só essa constatação de preços absurdamente desproporcionais já é suficiente para a Câmara dos Deputados instalar no mínimo uma Comissão Externa para apurar essa excrescência. Urge intensificar o treinamento dos policiais em Cursos de Ações Táticas, inclusive em parceria com a iniciativa privada; entretanto, com esse inesperado corte orçamentário, ficará extremamente difícil aos estados submeterem seus policiais a treinamento táticos, considerando a carência de recursos. Ademais, fala-se muito em se utilizar os serviços de Inteligência no combate ao crime, porém um trabalho sério de Inteligência exige grandes investimentos, pois os equipamentos e o treinamento são caros, ou seja, sem recursos não há atividade de Inteligência. Portanto, o Governo Lula mostra sua verdadeira face na questão da Segurança Pública, diferentemente de seus discursos carregados de preocupação com a segurança da população, pois ao cortar R$ 250 milhões do orçamento do Fundo Nacional de Segurança Pública fica patente que sua real preocupação é com a banca internacional, a qual sequer sabe onde fica a Baixada Fluminense. Nota do Editor: Melquisedec do Nascimento é oficial da Polícia Militar carioca e presidente da AMAERJ.
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