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Opinião
10/12/2014 - 11h14
O generoso Uruguai
Amadeu Roberto Garrido de Paula
 

Abriram-se as portas da República Oriental do Uruguai a um palestino, quatro sírios e um tunisiano que amargavam no cárcere mais infame do mundo – Guantánamo –, desde 2002, o julgamento a que todo ser humano faz jus. Prisão nefanda que o Presidente Obama não conseguiu serrar as portas ante a oposição republicana e o sentimento de vindicta do povo americano.

Não se põe em dúvida o sentido humanitário da medida de Mujica, anunciada depois da vitória de Tabaré Vasquez. No entanto, é preciso parar e pensar sobre as últimas decisões do governo uruguaio. O país, que ocupa o 1º lugar em qualidade de vida/desenvolvimento humano da América Latina, segundo a Transparência Internacional, e injeta a maioria de seus recursos militares nas atividades de paz da ONU, não pode sofrer as consequências de exageros impensados, em nome de discutíveis valores “pós-modernos”, que tomaram lugar nas agendas marxistas-leninistas do século passado.

Com justiça o Uruguai também é considerado país pioneiro em direitos civis e liberdades democráticas. Contudo, transpostos certos limites, a deterioração dos bons propósitos e da sociedade inconsequente é certa na história da humanidade.

Não se pode introduzir no mesmo embornal a descriminalização do aborto, a legalização da maconha, o matrimônio igualitário, a adoção de crianças por casais homoafetivos e a recepção dos prisioneiros de Guantánamo. São questões absolutamente díspares. O maior problema dos pensamentos ideológicos é projetar sob o emblema do progressismo propostas que só aparentemente devem ser tratadas com igualdade.

Guantánamo é o maior câncer a corroer a tradicional democracia americana, que se empobreceu e ficou desprovida de valores fundamentais depois do inominável ataque às torres. Não foram vítimas apenas os americanos atingidos por esse desatino cruel, mas também o “american way of life” e as principais crenças políticas apregoadas pela “maior democracia do mundo” no pós-guerra. A propensão a mais extrema vingança foi um equívoco, em que pese o sofrimento nacional. A conduta do país se equiparou, em muitos pontos, à dos radicais que o atacou selvagemente. Os dois exemplos magnos foram a desbussolada invasão do Iraque e o erguimento do depósito humano de Guantánamo, um verdadeiro campo de concentração rotulado de presídio.

Porém, como dizem, “quem pariu Mateus que o embale”. Não cabe a nenhum país do mundo, nem mesmo ao exemplar Uruguai, “o país mais habitável e verde do mundo”, socorrer a democracia americana. Isso porque, ao recepcionar humanitariamente os prisioneiros, o Uruguai faz bem a eles, mas muito mais a seus ofensores, que os capturaram no Paquistão, meteram-lhes os grilhões mais sórdidos e não os julgaram há doze anos. Se o método se espraiar, Guantánamo será esvaziada, assim como a consciência americana, e os demais países do mundo terão de conviver com inocentes ou culpados, gente da paz ou terroristas, e suas consequências. E um dos maiores problemas dos EUA estará resolvido, mediante a exportação de suas vítimas de Estado.

É preciso ter em conta que nem tudo que é humano ou humanista é racional. E as liberdades e solidariedade não podem ser confundidas com políticas mal formuladas de esquerda, que só tem levado os respectivos povos à miséria e às agruras, como em Cuba, na Venezuela e na Bolívia; e já deixa suas marcas em nosso Brasil de crescimento zero. Nem tudo vale a pena, se a alma do mundo é pequena. O Uruguai não pode se transformar numa terra de licenciosidade e perder seu frescor na tempestade do mundo atual.


Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia.

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