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Opinião
13/12/2014 - 08h45
O padre Wilson de Adamantina
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Lamentáveis os episódios que envolvem a transferência do padre Wilson Luiz Ramos de Adamantina para Dracena, na região oeste do Estado de São Paulo. Atribui-se a mudança ao fato do religioso ser negro e estar sofrendo preconceito. Mas a questão deve ir muito além, envolvendo a inabilidade do próprio religioso para lidar com o problema e manter unida a comunidade, e a incompetência da igreja para amainar as divergências entre grupos e manter a integridade de sua comunidade. O exemplo mais claro da condução ineficiente do rebanho ficou explícito na missa de crisma do último domingo, dia 7, onde o bispo, d. Luiz Antonio Cipolini, foi alvo de manifestações e só conseguiu sair da igreja protegido pela polícia. Nem mesmo os apelos do próprio padre pivô da divergência foram ouvidos pelos fiéis que protestavam.

Fatos como este devem servir para a reflexão das instituições – religiosas ou não – sobre a forma que se relacionam com a comunidade nos tempos de globalização, redes sociais e informação veloz. A pregação libertária que varreu o mundo nas últimas décadas colocou em xeque autoridades, instituições e tradições. Valores humanos e sociais foram rediscutidos, realinhados e até levados à exacerbação. A questão do preconceito racial é um dos problemas que, no lugar da existência velada de décadas atrás, tornou-se discussão aberta e por vezes demagógica, que propicia radicalizações. A comunidade adamantinense, por certo, contaminou-se pela disputa entre grupos e deixou de observar a tolerância, a paciência e a necessidade de convivência pacífica em favor da paz como bem maior.

O ato administrativo de transferir o padre sem ter o consenso da comunidade e no calor das divergências, é um risco assumido pelo bispo, como autoridade eclesiástica da área. As reações eram previsíveis. Agora o problema, que poderia ter sido evitado e administrado, já está criado. Dificilmente o bispo voltará atrás e nem mesmo o padre Wilson deve reunir condições para continuar seu trabalho em Adamantina. É preciso que todos os atores dessa triste encenação se voltem para a reflexão e observem as centenas de exemplos de tolerância existentes na doutrina da própria igreja para neles buscar, com sinceridade, a reconciliação. Se não resolver a dissidência, a comunidade será a grande prejudicada e seus membros que sempre viveram e conviveram restarão divididos e distantes dos ideais de comunhão e fraternidade. O pior é que isso poderá levar à inadmissível divisão entre amigos e famílias, intrigas, calúnias, retaliações e a acontecimentos mais graves que podem colocar em risco a integridade física e até a própria vida. O padre deve agora pensar apenas no trabalho em sua nova paróquia; a comunidade precisa buscar o entendimento e a paz; e o bispo, trabalhar pelo permanente equilíbrio do rebanho sob sua condução. E, assim, todos caminhando rumo à paz. Contenda em nome de Deus, nunca!


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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