O artigo de Olavo de Carvalho publicado no site do Diário do Comércio (Você está comunisto?) tem o habitual didatismo recheado de bom humor, dizendo coisas substantivas sobre o processo de revolução gramsciana e a ação do PT no poder enquanto instrumento de “transformação social”, isto é, a destruição dos valores da tradição ocidental. Olavo foi a voz solitária que primeiro se levantou contra essa hegemonia do pensamento coletivista na mídia. Tem muita gente que não percebeu como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos, basicamente em função da corrupção imposta pelos meios de comunicação, pelas escolas e pelas igrejas tomadas pelos ativistas do comunismo. Essa gente não se basta nunca enquanto não transformarem o Brasil numa ditadura do estilo cubano. Por isso não é admirável a quantia de dinheiro que envolve o Mensalão e o Petrolão. São números extraordinários, envolvendo a casa dos bilhões de reais. A conclusão que se impõe é que toda a nomenklatura petista enriqueceu rapidamente, especialmente seus chefes e suas famílias, com a notável presença do que houve com Lula e seu filho. Quem viu o seriado Breaking Bad não pode ter deixado de notar que o ponto alto do filme é quando a esposa de Walter White o leva para ver o enorme depósito de dinheiro acumulado na sua ação criminosa e lhe faz a pergunta fatal: quanto será o bastante para você parar? A resposta já havia sido dada em um dos capítulos anteriores. W.W. disse a Pinkman, seu parceiro criminoso, que não era o dinheiro que o movia, mas o “império”. A cena poderia perfeitamente ser transposta para um diálogo hipotético entre dois petistas da cúpula, confabulando sobre suas tenebrosas transações. Muito não é o bastante porque o PT está construindo, no Brasil e na América Latina, o terreno perdido na ex-URSS. Por isso não pode parar o processo de corrupção em larga escala com o dinheiro público. Outros escândalos virão depois do Visanet e da Petrobras. O governo do PT é um império continental em construção e o processo só será encerrado quando o pleno domínio imperial estiver concluído, sob férrea ditadura. O PT não pode parar. Há, todavia, elementos que não estão no controle dos revolucionários, a começar pela existência da democracia ela mesma. Nessas últimas eleições, se o PT ganhou a Presidência da República por pequena margem, amargou forte derrota na constituição do Congresso Nacional, que será mais forte e mais oposicionista. A manutenção da democracia garante a imprensa livre e a divisão de poderes. Por isso Dilma Rousseff teve que se submeter à humilhante transação que fez com sua base aliada para garantir a transigência na Lei de Responsabilidade Fiscal, que quebrou a fim de se eleger, sem o que incorreria em crime de responsabilidade, sujeitando-se ao impeachment. É claro que os anticorpos foram gerados contra as tramoias do PT. Até mesmo os jornais mais leais ao governo são obrigados a dar as decisões judiciais sobre o Petrolão. Olavo de Carvalho não fala mais sozinho. E a Justiça, mesmo a instância do STF, não está ainda inteiramente dominada. E, melhor, a opinião pública está se mobilizando em todo o país em movimento de massa. A esquerda petista não tem mais o monopólio das ações políticas de rua. É essa a esperança que o processo seja, senão detido, ao menos minimizado e retardado. O que está em jogo é muito grande e valioso: o futuro de nosso país. E, quando falamos disso, falamos da vida cotidiana que terão nossos filhos e netos. Gosto de falar da metáfora de que sempre prefiro ver minhas crianças no jardim do quintal de minha casa e não em um monturo fedorento. O mundo político é o quintal da casa de cada um de nós. Precisamos cultivar o nosso jardim. Precisamos expulsar o PT do poder. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais.
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