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SEÇÃO
Crônicas
06/01/2015 - 15h13
Original ou adulterado...
Flávia Arruda
 

Uma simples cena fisgou-me sorrateiramente, deixando-me intrigada e pensativa por muitos dias. Dois conhecidos encontraram-se casualmente, após muitos anos sem se verem, foi uma alegria enorme. Eram abraços daqui beijos dali, apertos de mãos tão arrochados que nem pensamento passava. O que mais me chamou atenção era que o diálogo não evoluía, percebi que aquelas duas criaturas tinham se visto uma única vez em suas existências. Uma delas eu conhecia, a outra não.

VERDADEIRO OU FALSO; SINCERO OU MENTIROSO; OBJETIVO OU SUBJETIVO; CERTO OU ERRADO; MUDANÇA OU ADAPTAÇÃO; SUTILEZA OU INDELICADEZA; EDUCAÇÃO OU GROSSERIA; VALORIZAR OU DEPRECIAR; CERTEZA OU INDIFERENÇA; ORIGINAL OU ADULTERADO...

Diz o ditado que a verdade é sempre bem-vinda, ou que mais vale a verdade dura do que uma doce ilusão. O certo é que nem sempre agimos verdadeiramente. Imagine: Seu dia amanheceu um caos, o carro deu o prego, o tempo fechou e você teve que pegar um ônibus para chegar ao trabalho, sem falar que está no meio de um divórcio litigioso. Ao chegar à empresa dá de cara com seu chefe, que lhe pede o contrato do ano, aquele que deveria ter sido assinado logo cedo, se o seu carro não tivesse lhe deixado no prego e se você não tivesse esquecido o envelope com o contrato, que pode lhe custar o emprego, no banco de trás do seu veículo... E agora?

Somos obras de arte falsificadas, somos Whisky 12 anos importados do Paraguai, somos a camiseta gola pólo da Lacoste comprada na vinte cindo de março, somos seres adulterados pela necessidade das relações sociais, somos seres instintivamente adaptáveis ao meio seja por necessidade, vontade, comodismo ou displicência. Somos seres falsos cheios de verdades. Usamos a educação, as regras de convivência, as leis, o amor, a família, a religião para justificar as máscaras da falsidade que impregnamos aos nossos dias.

Se a minha melhor amiga está saindo para um encontro amoroso e me pergunta sobre sua forma física (aos 110 kg) digo-lhe o quanto está linda e que seu encontro será um sucesso. Quantas vezes escutamos desculpas do tipo: Me atrasei por causa do engarrafamento; Você me ligou? Juro que não vi sua chamada; Querida, vou virar a noite para concluir os relatórios que a empresa está me exigindo para amanhã. Estas são as mentiras aceitáveis e compartilhadas por muitos. Quem as recebe faz vista grossa e finge acreditar, e nesse jogo de farsas das verdades falsas, uns fazem carreira. Parecem sentir prazer em dar vida aos personagens, encenam com exaustão, e de tantos ensaios diários acabam por crer nas suas próprias mentiras.

Às vezes precisamos nos valer das meias verdades, às vezes elas podem servir para mediar situações, amenizar dores, confortar pessoas, evitar guerras. O que precisamos é ter cuidado quando essas meias verdades viram rotina e tornam-se conivências justificadas para acometimento de coisas dolosas.

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