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Opinião
21/04/2005 - 20h02
Confissões
José Luis Sávio Costa - MSM
 
"O Serviço de Informações é o apanágio dos nobres. Quando entregue a outros, desmorona" - (Coronel Valter Nicolai, Chefe de Informações do Exército alemão na I Guerra Mundial)

Confesso que uma das coisas que sempre temi foi ver inexpertos com o direito ao exercício de uma atividade especializada e sensível. De uns tempos para cá, tornou-se hábito tal concessão aos integrantes das Chefias e Assessorias de alto nível das atividades de Inteligência e Contra-inteligência. O motivo era e é o mesmo a partir dos governos Collor, FHC e Lula: os que anteriormente exerciam estas atividades tinham a "boca torta". Era uma metáfora que designava o hábito de ver as coisas pelo prisma adquirido no passado, na época da "ditadura cívico-militar".

Ora, todos ou quase todos, os que exerciam tais atividades, se especializados, tinham seus cursos realizados em Cursos de Inteligência Militar (Curso de Inteligência do CEP ou na Escola Nacional de Inteligência - EsNI, após 1972).

Ainda que os requisitos de confiança e lealdade sejam imprescindíveis para estas funções eles, por si sós, não eliminam as necessidades de experiência e o conhecimento das técnicas de processamento no ciclo de produção do conhecimento necessárias às atividades de Inteligência e Contra-Inteligência. Nem se fale da imperiosa necessidade destes atributos e dos demais nas Operações de Inteligência, executadas por pessoal especializado e adestrado na utilização de técnicas operacionais nas ações de busca.

O rótulo era um nítido desvio dos preceitos que dignificam os militares e bem ao estilo do caráter dos que alçavam as funções de Alta Chefia neste ramo, para o qual não tinham a mínima experiência, ainda que, em alguns casos, os designados fossem bons profissionais em suas atividades normais. A maioria destas personagens aderentes ao Poder, por carreirismo ou dúbio caráter, viveu nos corredores dos gabinetes presidenciais e ministeriais, no período dos Governos Cívicos-Militares e, por hábito, adaptou-se aos novos ares com todas as suas mazelas, até mesmo as de novo sabor ideológico mescladas com uma antipatia inopinada pelos seus companheiros de outrora.

Não foram poucos os que exerceram funções de Comando, Chefia e Assessorias nas áreas da Presidência da República e dos Ministérios Militares e Civis, durante e logo após os "anos de chumbo".

Nunca argüiram contra atos de seus antigos Comandantes, Chefes e companheiros que agora condenam em suas omissões quase diárias por covardia e interesse. Oportunistas e matreiros convivem à sombra do Poder, usufruindo as benesses de seus cargos e silenciando diante das ofensas que são lançadas contra as Forças Armadas e seus companheiros do passado, cumpridores da legislação e das ordens de garantia da lei e da ordem.

Confesso que não me surpreende certas atitudes de alguns que por aí perambulam, com ou sem bastão de comando, ávidos em aparecer e dar mancadas.

Nem me surpreende o intercâmbio com a Inteligência cubana, chinesa, coreana ou lá qual seja, pois aí a diretriz será sempre de quem é o Chefe e sabe ou pensa saber mais, o cidadão cubano-brasileiro, segundo suas próprias palavras: o Comandante Daniel ou Zé do Caroço.

Confesso que este problema de indícios e evidências de ligações com as FARC e outras organizações do gênero existem há tempo, e o Foro de São Paulo apenas consolidou o fato que contatos em: Porto Alegre, RS; Florianópolis, SC; Ribeirão Preto, SP; Belém, PA; Taguatinga, AM; Foz do Iguaçu e Medianeira, no Paraná; e pelas vias de organizações tais como a Tricontinental e a OCLAE, com sede em Havana, já indicavam. Isto para não nos aprofundarmos mais. Por sinal, bastaria uma conversa séria com o pessoal de certas organizações criminosas ligadas ao narcotráfico no Rio de Janeiro, RJ, e São Paulo, SP...

Não me surpreendeu o vazamento ocorrido na ABIN, nem ficarei surpreso pela autenticidade dos documentos e a continuidade de fatos desta natureza.

"Quem nunca comeu melado quando come se lambuza".

Ter diploma de curso feito em órgão policial federal americano, o FBI, não é ter especialização na atividade de Inteligência. Da mesma forma que fazer discursos de louvor político ao atual Presidente, almejando sua continuidade no Governo não dignifica o Diretor da ABIN, servidor de um órgão do Estado Democrático de Direito e não do Governo Lula.

Espero que as idas à Cuba do Senhor Marcelo lhe permitam vislumbrar como o pessoal do Departamento América - DA, sob a direção do Comitê Central do Partido Comunista Cubano, e do Departamento Geral de Inteligência - DGI, subordinado ao Ministério do Interior mantinham e mantêm os contatos com as organizações terroristas latino-americanas, como é o caso da FPMR (Frente Patriótica Manoel Rodriguez) e do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionária) chilenos, e de outros países extra-continentais, tais como a ETA (sigla em língua basca para Euzkadi Ta Azkatasuna, Pátria Basca e Liberdade) e o IRA (Irish Republican Army ou Exército Republicano Irlandês), organizações velhas conhecidas, para não falarmos de contatos com o narcotráfico, via FARC ou não.

Um conselho: não procure saber como ocorre a vigilância sobre agentes de serviços estrangeiros na terra de Fidel. É um trabalho hercúleo, pois além destes os cubanos têm de vigiar seus compatriotas que querem sair da ilha. E haja compatriota...

Sobre o passado os cubanos não tecerão considerações sobre Manuel Piñero Losada, então Chefe do DA, falecido, e o Comandante Fermin, aliás Fernando Revello Renedo, coronel das FAR (Forças Armadas Revolucionárias) e membro do Departamento América (órgão de Inteligência do Comitê Central PC de Cuba) que, exercendo funções diplomáticas na atualidade, cooptaram certos militantes da ALN e de outras organizações revolucionárias brasileiras, como agentes e para execução de ações nos "anos de chumbo". Alguns hoje andam faceiros e serelepes por aí.

Por certo ouvirá falar de Marta Harnecker, viúva de Manuel Piñero Losada, mentora ideológica do Foro de São Paulo, do MST e de militantes como Emir Sader, Frei Betto e muitos outros petistas seus conhecidos. Ela escreveu mais de meia centena de livros e o seu livro sobre o marxismo "Los Conceptos Elementales del Materialismo Histórico", foi fonte de orientação para várias gerações de alienados estudantes esquerdistas latino-americanos.

Hoje, Marta Harnecker dirige em Cuba o Centro de Recuperação e Difusão da Memória Histórica do Movimento Popular Latino-americano. O Centro é, na realidade, um órgão de orientação político-ideológica para as ONGs que atuam na seara da "sociedade civil organizada", integrando o novo "bloco histórico", em oposição às classes dominantes na visão gramsciana. Marta Harnecker vive em Havana desde 1974, onde casou-se com o lendário Manuel "Barbaroja" Piñero Losada, falecido em 1998, e o grande articulador dos movimentos guerrilheiros latino-americanos, entre os quais os "rodriguistas" da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR) e os "miristas" do Movimento de Izquierda Revolucionaria (MIR), que ornaram e ornam nossas prisões, sendo visitados por ilustres membros da cúpula do PT.

Por sinal, a senhora Marta Harnecker andou por estas bandas. A ABIN sabia? Claro, devem ter assistido suas aulas e entrevistas...

Quanto ao Chefe do Gabinete de Segurança Institucional solicito encarecidamente que emudeça, fale menos e não procure demonstrar conhecimento numa área que seus cursos só trataram aspectos da esfera militar. Nada é melhor nesta área que vivência e discrição.

Tratar o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), o MLST e outros movimentos ou organizações que atuam sistematicamente ao arrepio da lei, como se fossem Movimentos Sociais normais, é descurar as possíveis conseqüências em cenários de crise e conflito, mesmo que estes movimentos tenham, em seus diferentes níveis de direção (Federal, estadual e municipal), notórias ligações com partidos da coligação governista e outros partidos radicais ainda que legais.

Deixar baderneiros, traidores, ladrões e infratores da lei soltos por aí é um convite à antecipação de medidas das garantia da lei e da ordem. Quanto aos que perambulam no círculo do Poder não me cabe apurar, para sorte de alguns.


Nota do Editor: José Luiz Sávio Costa é Consultor em Inteligência e Contra-subversão.

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