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Opinião
10/01/2015 - 12h01
Falta de coerência reduz a confiança
José Ricardo Roriz Coelho
 

Os primeiros movimentos do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, em especial as medidas que vêm sendo anunciadas pela equipe econômica, respondem às expectativas dos setores produtivos e da sociedade. O ajuste fiscal é a principal providência para a reconquista da confiança dos investidores e consumidores. Assim, espera-se que se concretize o corte de despesas, que, além de onerosas, são de péssima qualidade, em sua maioria.

Em contrapartida às ações de contenção de gastos, algumas contradições podem influenciar o grau de confiança na administração. Um exemplo foi o anúncio, pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, de alterações na política de reajustes para o salário mínimo. Desautorizado pela presidente da República, o novo membro do governo precisou ir à imprensa para explicar ter ocorrido má interpretação do que dissera. A justificativa, contudo, não convenceu, deixando no ar um questionamento sobre os limites de autonomia da equipe econômica.

Outra contradição deu-se entre os novos ministros Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário, e Kátia Abreu, da Agricultura. O primeiro, em sua cerimônia de posse, defendeu a reforma agrária, manteve firme discurso sobre os limites do direito à propriedade, “que pode ser questionado”, e ratificou a questão dos latifúndios. Tudo isso, um dia após a senadora, ao assumir seu posto no Ministério, afirmar que não há latifúndio no Brasil e minimizar a necessidade de se fazer uma reforma agrária.

É natural que em governos democráticos, cuja base de apoio é constituída por distintos partidos, exista uma pluralidade de ideias. Há que se considerar e respeitar, também, a liberdade de expressão. No entanto, acima de ideologias e questões partidárias, é preciso um mínimo de coerência por parte dos integrantes dos principais escalões, para que prevaleçam a confiança e a credibilidade.

Imaginem um investidor que esteja pensando em adquirir terras no País para um grande projeto na área do agronegócio. Na avaliação do risco, tendências do valor da terra e segurança jurídica, como tomar a decisão? Sob a ótica da cerca em pé da ministra Katia Abreu, ou sob o discurso de botar a cerca no chão do ministro Patrus Ananias? E as empresas de todos os setores devem fazer suas projeções para os próximos anos sob qual tendência de aumento do salário mínimo, que tem impacto amplo na economia e nos custos em geral?

Que as contradições fiquem apenas nesses dois exemplos ocorridos nos primeiros dias do novo mandato da presidente Dilma. É preciso transmitir segurança e confiança à sociedade. Assim, a partir das medidas de responsabilidade fiscal, que são o eixo e ponto de equilíbrio da recuperação econômica, é preciso que o governo sinalize um planejamento de curto, médio e longo prazo para a retomada do crescimento sustentado do PIB.

Basicamente, o Brasil precisa de juros e impostos compatíveis com os vigentes nos países com os quais competimos, bem como financiamentos de longo prazo também para as médias e pequenas empresas. É premente desmontar a armadilha do Real desvalorizado e Selic alta como estratégia única de combate à inflação, pois isso aniquila a competitividade. Como reverter esse quadro, para ampliar a oferta de produtos, diminuir o custo de se produzir no Brasil, diminuir a burocracia e diversificar a concorrência dos serviços, insumos e matérias primas? São essas as respostas esperadas pela sociedade, sem contradições e ambiguidades, para que a credibilidade seja a fiadora de um novo ciclo de desenvolvimento.


Nota do Editor: José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo (Sindiplast-SP), vice-presidente e diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.

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