Qualquer filamento ou fio. Energia, caráter. Estas são duas definições para fibra. Está lá no Aurélio. Quantas vezes escutamos alguém dizer: que fibra ela tem! É, ela. Sempre elas. Nós mulheres somos as legítimas representantes da famosa fibra. Estamos sempre no limiar. Limiar da paciência, da indecência, da inocência. Tentamos a coerência. O interessante é que nossa fibra, aí já pegando a segunda definição, quando é para o bem, ótimo. Quando é para o mal, sai de baixo. Fibra de mulher cruel vem do pâncreas, lá escondidinho atrás do estômago. Bem velado. Somos mais fortes, nosso espelho somos nós mesmas. Queremos a verdade. Sempre. Precisamos estar bem em tudo. No lado profissional ou pessoal, social, espiritual, sexual, "familial". Estar bem em tudo isto, mas fazer com que todos fiquem bem em tudo também. Porque nos sentimos responsáveis pelo outro. Ou pelos outros. Saímos decididas em defesa dos nossos amados, dos nossos amigos. Nossa fibra é poderosa. Não adianta querer me convencer que os homens possuem a mesma fibra. Não. Eles nunca serão como nós. Porque nossa fibra é dura. Até nossos intestinos precisam de mais fibra. Nossos intestinos são diferentes, sim. Lembro-me de uma amiga, cheia de fibra, realmente especial. Porém cheia de dores. Dores da alma, talvez. Que eram transformadas em dores físicas. Sabe o que era? Fibromialgia. Ou será fibramialgia? Que tem tudo a ver com fibras, lá isso tem. Nossos reflexos são maiores, nossos sentimentos mais reais, nossas decisões mais definitivas, nossos olhos são mais ternos, porém duros. Nossa boca mesmo fechada mostra tudo que sentimos. Nossa lágrima é mais molhada. Amamos a natureza e adoramos balançar nossa liberdade nas noites de luar. Queremos ser dia e noite. Tudo porque temos fibra. Fibra de mãe, de filha, de amiga, de profissional, de mulher. Poderíamos mudar o mundo ou quem sabe, dominá-lo. Mas não podemos. Porque existe o reverso da medalha. Fibras, fios, energia, caráter para o outro lado. O lado da inveja, do poder, da disputa. Esta fibra doente que nos corrói. E aí desejamos que a nossa concorrente seja ela pessoal ou profissional, não tenha a mesma fibra que nós. Porque as que jogam sua fibra de forma limpa, sofrem. Porque ter fibra demais faz sofrer. Paradoxal. Mesmo assim, quero continuar com a mesma fibra que tinha quando nasci. Porque me admiro e admiro as que têm esta fibra tão "intestinal". Não quero ter fibra vinda do pâncreas, é desleal. A gente faz força pra nascer, pra parir, pra trabalhar, para expelir nossos excrementos. E nossos sentimentos. Somos sinceras, quebramos a cara. Falsas, cara quebrada também. Viva a fibra da mulher. Fibra de quem chora mais, ri mais, luta mais. Mas não devemos desistir. Por mais paradoxal que seja, as fibras nos guiam. Sempre. Nota do Editor: Priscila Garcia é Relações Públicas e Jornalista.
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