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Opinião
23/04/2005 - 08h10
Perdão indevido
João Luiz Mauad - MSM
 

E lá se foi novamente o nosso magnânimo presidente à África, acompanhado da sua indefectível comitiva de ministros descartáveis e apaniguados petistas, pedir perdão por algo que nem ele nem qualquer dos brasileiros tem culpa.

É cômico e, ao mesmo tempo trágico, o tortuoso pensamento da esquerda brasileira. Enquanto utilizam os seus parcos neurônios para produzir toda sorte de sofismas com o fito de transferir para determinadas "entidades demoníacas" as responsabilidades pelas mazelas domésticas, ora apontando para o imperialismo norte-americano, ora para a globalização, ora para o neoliberalismo, fazem questão, por outro lado, de assumir culpas extemporâneas como essa.

A despeito de ser considerada repugnante e inaceitável para qualquer ser humano nos dias de hoje (exceto, é claro, para os recalcitrantes comunistas, que a consideram até desejável, contanto que o feitor seja o Leviatã), a escravidão nem sempre gozou desta reputação, tendo sido vista como moralmente aceitável durante milênios, desde o dia em que, provavelmente por compaixão, alguma tribo fez de seus inimigos (vencidos no campo de batalha) escravos, no lugar de exterminá-los, como ocorria até então.

(Uma breve digressão: quem diria que essa verdadeira maldição pudesse ter tido sua origem num ato de comiseração? Poderíamos traçar aqui uma analogia entre esse fato e as incontáveis barbaridades perpetradas pelo Marxismo durante o Século XX, sempre sob a égide da famigerada "justiça social", mas deixo esta tarefa para uma outra ocasião, uma vez que esse não é exatamente o assunto de hoje).

Durante os quase quatro séculos em que a escravatura ocorreu em terras tupiniquins, aquele ainda era o status quo. Mas a história não acaba aí. Mesmo que não fosse uma instituição absolutamente normal para os padrões da época, o povo brasileiro não tem, nem nunca teve, qualquer participação na barbárie então ocorrida. Conforme eu aprendi nos bancos escolares, a coisa funcionava mais ou menos assim: quem fazia de seus inimigos tribais escravos eram os próprios africanos, que os vendiam aos traficantes (normalmente ingleses), os quais, por seu turno, transportavam-nos através do Atlântico, nos famosos navios negreiros, até os compradores finais - os colonizadores.

Eu não sou descendente nem de africanos, nem de portugueses nem de ingleses. No entanto, mesmo que fosse, isso não me transformaria em culpado por atitudes de antepassados. De fato, não tenho notícia de que mandatários italianos tenham feito qualquer pedido de perdão a qualquer dos inúmeros povos cujos ascendentes foram, em algum momento da história, escravizados pelo Império Romano.

O mais absurdo e inusitado, porém, dessas reiteradas escusas do senhor Lula aos africanos reside no fato de que, além de totalmente injustificáveis do ponto de vista moral, muito provavelmente ele tem dirigido seus atos de contrição aos personagens errados ou, suma ironia, justamente àqueles que são os herdeiros dos principais algozes da escravidão. Alguém precisa avisar urgentemente ao presidente que, sendo verdadeira a versão histórica segundo a qual os escravos eram vendidos pelos seus próprios conterrâneos (inimigos tribais), os que lá permaneceram foram os vencedores. Escravocratas, portanto.


Nota do Editor: João Luiz Mauad é empresário e formado em administração de empresas pela FGV/RJ.

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