Vem chegando o Carnaval, uma das mais antigas festas que a humanidade conhece e comemorada em praticamente todos os continentes. É tempo de escolher sua fantasia e liberar os alter egos que guardamos durante o resto do ano, especialmente com aquele toque a mais na sensualidade. No mundo ocidental, por exemplo, o salto alto continua sendo símbolo da sensualidade feminina, ao dar à mulher aqueles centímetros a mais e, principalmente, ao alterar instantaneamente a postura aumentando a chamada lordose lombar – aquela inclinação da coluna que aumenta virtualmente o tamanho do bumbum. Mas o salto alto também têm efeitos colaterais (aqueles que na verdade não eram desejados), e que merecem atenção e cuidado para que nenhum acidente estrague sua festa. Ao aumentar a distância entre o calcanhar e o chão, mas preservando a região dos dedos quase nele, o salto alto empurra o pé para frente, alterando o modo da mulher se apoiar, caminhar e até sentar. Uma das adaptações do corpo, na tentativa de contrabalançar o empurrão para frente, é uma flexão mais agressiva das articulações dos dedos, formando os chamados “dedos em martelo”, aquela postura dos dedos do tipo garra que é comum em mulheres que usam salto cotidianamente. Quem usa salto todos os dias, mesmo quando está sem o calçado, apresenta esta deformidade já estruturada, ou seja, fixa – os dedos em garra estão rígidos na posição de defesa, e dificilmente retornarão à sua conformação original. O corpo da mulher que usa salto diariamente já está familiarizado aos dedos dos pés em martelo ou garra, permitindo que ela contrabalance facilmente seu peso restabelecendo rapidamente o equilíbrio. Em outras palavras, o corpo já se acostumou ao salto. Mas uma mulher que usa salto alto esporadicamente não tem esta adaptação estruturada, e apresenta maior dificuldade de equilíbrio, o que representa um grande risco do temível entorse de tornozelo. O que fazer para evitar uma entorse? Bem, a medida óbvia é não usar salto, especialmente se não estiver acostumada. De um modo geral, salto alto é nocivo tanto no curto quanto no longo prazo, por alterar a postura não só dos pés, mas do corpo inteiro, causando excesso de calosidades, dores nos pés, bursites nos dedos e especialmente dores na coluna. No curto prazo, o risco é a entorse de tornozelo, que pode necessitar de trinta dias até meses de imobilização e tratamento, correndo o risco de não ser totalmente resolvida, mesmo com cirurgia. Mas, se o salto for parte fundamental da sua fantasia, as dicas são as seguintes: 1. Repense, e veja se não é mesmo possível evitar o salto; 2. Prefira saltos do tipo Anabela, que fornecem maior sustentação aos pés; 3. Não use um salto muito diferente daquilo que está acostumada; 4. Verifique o saltinho (tacão) do seu sapato. Se estiver gasto, passe num sapateiro e troque. É barato e feito na hora; 5. Tome cuidado com a bebida, porque ela altera mais ainda o seu equilíbrio, então a mistura de salto com bebida é receita de acidente. Curta seu Carnaval com responsabilidade, e lembre que, mais importante do que o visual, é o divertimento! Não é justamente este o espírito do Carnaval? Nota do Editor: Dr. Gustavo F. Sutter Latorre (CREFITO-10 40.424-F) – (Fisioterapeuta pélvico, professor titular das cadeiras de Cinesiologia e Biomecânica do curso de Fisioterapia da Faculdade Anhanguera, Campus São José, SC).
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