Um diretor de uma estatal estava em seu gabinete, quando recebeu a visita de um dono de uma empreiteira para construção de uma obra, conversa vai conversa vem, resolveu pedir uma pequena quantia em dinheiro para facilitar o contrato, pois a mulher queria reformar o apartamento e o filho tinha intenções de estudar no exterior. – Exterior esta palavra me provoca arrepios. Recebeu da empreiteira a pequena quantia. Temendo ser descoberto falou para outro diretor, que também tinha sonhos e que pediu uma irrisória quantia, pois queria trocar o carro popular e a mulher gostaria de fazer lipoaspiração e comprar um biquíni de bolinhas para o verão. – Propina Deus me livre! Também com medo falou para outro diretor da estatal que ficou curioso da tal oferta das empreiteiras e aderiu também ao plano recebendo uns trocados de oferta. – Cachorro comedor de ovelha só matando! Foi então que a conversa chegou aos ouvidos das autoridades. Os diretores da estatal juraram que foram as construtoras que depositaram dinheiro em suas contas e que eles não sabiam a origem do dinheiro para devolver. As autoridades foram atrás das construtoras e prenderam seus diretores que não sabiam de nada. Foi então que um deles através da tal delação gritou: – Esperem! Eu não fiz nada sozinho! E apontou para os diretores da estatal, diante da população do país das maravilhas. O empreiteiro contou que foi coagido a participar do esquema se não ficaria fora. Depois os diretores da estatal gostaram do esquema e pediram mais e mais dinheiro no sentido de facilitar os contratos. A população horrorizada se virou contra os diretores da estatal e gritaram: Cadeia! Mas como sempre nem todos ficaram presos. No presídio foram unânimes em afirmar: – Eles não sabem nem a metade da propina e tampouco os políticos envolvidos. Um dos diretores quando foi solto deu de ombros e disse: – A verdade é que a população quer mesmo carnaval e futebol, não histórias de pescador. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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