De acordo com o Instituto Akatu, 60% dos brasileiros se interessam e buscam informações sobre responsabilidade socioambiental. Além disso, mais da metade (53%) acredita que as empresas devem fazer mais do que é determinado por lei. Esse despertar por um mundo de ações mais verdes é algo crescente diante de tantos problemas que o meio ambiente vem enfrentando. Uma realidade que faz com que as empresas tenham que investir em ações que trazem benefício para toda a sociedade. No setor da construção civil, o Brasil tem apresentado bom progresso quando o assunto é ser sustentável. Ocupamos a quarta posição no ranking mundial de obras com esse perfil e há grande expectativa de crescimento quanto ao número de projetos que sigam essa linha. Um dos motivos para sermos otimistas em relação ao futuro é o fato de que 33% dos brasileiros encontram-se em estágio avançado de consumo consciente e preocupados com o bem-estar coletivo, um número que tem aumentado fazendo com que haja, também, uma maior exigência das empresas, que têm que se adequar ao novo modelo de consumidor: mais responsável e preocupado com o meio em que vive. Percebemos, ainda, que os conceitos em relação a ser sustentável têm mudado graças ao desenvolvimento de novas tecnologias e soluções que demonstram rentabilidade nessas atitudes. O que antes era visto como gasto, hoje é considerado investimento. Apesar de haver um custo inicial maior, uma obra sustentável traz, a médio e longo prazo, benefícios para aqueles que irão usufruí-la: um sistema de reutilização de água, por exemplo, pode gerar uma economia de até 40% na conta do recurso para o condomínio depois de pronto. E mais: qualquer proposta que seja feita para melhorar a qualidade de vida da população tem que passar pela questão da mobilidade. Os desdobramentos da lentidão do tráfego, da poluição atmosférica e sonora, e as dificuldades de investimentos em transporte público e obras viárias fundamentais para ir e vir comprometem a organização social e a vitalidade urbana. Falta associar soluções de transporte ao desenho da cidade. Um outro fundamento essencial para se bem aplicar esse assunto é desenvolver uma verdadeira acessibilidade multimodal que rompa com a predatória hegemonia do carro. O consumo de energia e de espaço viário requerido por essa opção são insustentáveis. Não há saída para uma metrópole que não passe pelo transporte de massa. Ele otimiza a infraestrutura e também o solo urbanizado, premissas basilares para a qualidade de vida. Nesse cenário, itens pontuais e inovadores, como o serviço de compartilhamento de bicicletas, trazem resultados positivos e corroboram para a redução do uso do carro, quando utilizados para pequenas distâncias no interior dos bairros, visto que resulta em comodidade para o morador, ajuda na fluência do trânsito da região, e ainda contribui para a redução de gases emitidos por veículos, sem falar na difusão de um estilo de vida mais saudável, estimulando a prática de exercícios físicos. Quem se preocupa com o desenvolvimento sustentável sabe que os deslocamentos de curta distância para as atividades cotidianas são os que menos consomem energia e os mais compatíveis são os modos “leves” (bicicleta e a pé). Aí nasce a construção da sustentabilidade em busca da qualidade de vida coletiva. Não há dúvidas de que esses novos valores chegaram para ficar. É preciso quebrar essa inércia, esse círculo vicioso onde pouco se faz por não se acreditar na capacidade dos agentes transformadores. Deve-se buscar uma nova abordagem na qual as cidades são uma solução e não um problema. Onde o simples é o caminho para resolver as adversidades que nós demos origem. As empresas que não se adequarem ao novo modelo de negócio onde esteja presente o sonho coletivo, com certeza, enfrentarão grandes crises além de serem segregadas pela sociedade. Nota do Editor: José Elcio Lorenzon, Diretor da Indústria Imobiliária (SINDUSCON) e Presidente da Lorenge S.A.
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