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Opinião
26/02/2015 - 11h14
`Estado´ islâmico
Amadeu Roberto Garrido de Paula
 

O mundo assiste estarrecido e impotente as macabras execuções, pelos métodos mais torpes, praticados pelo denominado “Estado Islâmico”, que, de Estado, nada tem, a menos que se use o nome em vão e se esqueça da ciência do direito, da teoria geral e da doutrina do Estado. Na verdade, não passa de um grupo de sicários, de meliantes cruéis, sem a mínima consciência do significado da vida humana. Tanto não é um Estado que se define dubiamente como “Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EILL)” ou “Estado islâmico do Iraque e da Síria (EILS)”. Diz-se um “califado”, o sistema da ditadura das ditaduras, pretendente da mais elevada e incontrastável inteligência da religião muçulmana e cuja ambição de domínio territorial é modesta: Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e Hetax, além de uma parte da Turquia e de seus alvos ocidentais. O que resta?, é a pergunta que se impõe.

Os Estados Unidos, o Reino Unido, a Austrália, o Canadá, a Indonésia, a Arábia Saudita e a ONU classificam esse grupo como terrorista. E daí? O Vaticano, sob a inteligência de Francisco, inobstante fica em silêncio. Ou ficava, veremos nos próximos dias, após o massacre e a ameaça aos cristãos, que não se viam até o Império de Constantino, no século IV. E não se esquadrinhou a pragmática efetiva para dizimá-los completamente e permitir a continuidade da vida neste século e a sobrevivência da humanidade. Nesta semana a ONU se debruça sobre o tema. Veremos. Enquanto isso, nós, filhos e netos continuaremos a ver imagens dantescas, depois de amenizadas, em nossos televisores. Nosso governo prefere engrandecer-se internacionalmente mediante um “affair” com a Indonésia.

O mundo dito civilizado e organizado sob leis e Estados legítimos fez muito mais contra outros povos, que nem à distância mereciam o massacre de seus direitos básicos a que foram submetidos. Como um dos exemplos, falemos dos ciganos. Um povo nômade, cuja inteligência já se demonstrava por sua inclinação peripatética, método de Aristóteles de andar e colher ao ar livre as inspirações de nossos pobres cérebros. Escaparam do húmus do Egito, perambularam pelo mundo, ninguém como eles invocou com tanta propriedade o benefício da dúvida e cultivou o ceticismo. Derrapados na ética como se fosse a arte o engenho dos mais espertos, mas sem se aproximar por uma única e minúscula célula da crueldade cavernosa desses jihadistas, sempre na procura das saídas pacíficas para os problemas do homem, foram perseguidos implacavelmente pela Igreja e pelo Estado, sobretudo na Espanha, Romênia etc.

Conheceram as galés e muitos de seus melhores varões as superaram em mais de dez anos forçados. Esses sobreviventes retornavam a seus alegres cortiços, em que se mesclavam a fome, a imaginação, as lágrimas, as danças, o espírito e as alegrias, e eram considerados os heróicos avós, os mais sábios, os mais respeitados, não pela força, mas pela história de heroísmo que dignificava a consciência coletiva. Mais legítimos, a nosso ver, que os “paterfamilias” dos romanos, conquistadores do poder mediante normas que, entre os ciganos, não eram comandos, mas acomodações espontâneas das gerações jovens.

Foram perseguidos em massa – homens, mulheres e crianças – por exemplo, pela dinastia espanhola dos Bourbóns, que até hoje controlam o Palácio Real, sob a reverência dos povos de Espanha. Tirados de suas miseráveis habitações, lotaram caminhões em direção a cárceres imundos e depois ao trabalho forçado que forneceria o bem viver da Corte e de seus bajuladores dos rapapés. Muitos perderam a saúde e a vida, mas jamais o espírito e seu valor fundamental, que foi parar na bandeira da revolução francesa e que até hoje deveríamos cultivar mesmo acima da igualdade: a liberdade. No Brasil leniente, ainda que tardia. Entre os ciganos, imediatamente, ainda que a custo material insuportável. Os ciganos são monogâmicos, fiéis, mas não dispensam seus passeios ao sabor dos ventos que são os condutores da liberdade na natureza. Podem se afastar por dias, mas não há o espinho ferino e insuportável do ciúme. Pagaram por sua incredulidade, por sua religião própria ou por seu ateísmo, mas uma boa parte sobreviveu. Deram canos naqueles que os cariocas gostam de chamar nos sambas de otários. Mas, é possível cotejar os costumes e as consciências desses dois povos?

Se a Igreja e o Estado foram implacáveis contra pseudos inimigos, não há razão para tolerar, nos dias de hoje, agressões torpes contra a humanidade por grupos que não tem nenhuma ideia do que seja justiça e vida em sociedade. Parar de considerar e praticar a ampla defesa, com os meios moderados que lhe são inerentes, porém sem deixar pedra sobre pedra.


Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia.

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