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Opinião
13/03/2015 - 17h00
Teremos uma recessão branda ou longa?
Lucas Lautert Dezordi
 

A desconfiança em relação ao futuro da economia brasileira está cada vez mais estampada em nossa sociedade. Infelizmente, observamos com mais frequência empresários reduzindo seus investimentos, consumidores revendo seus gastos e governos adotando medidas impopulares, de aumento de impostos e reduções de despesas. São apenas alguns sinais de forte desaquecimento da atividade produtiva. O setor industrial, no ano passado, registrou uma queda na produção física e precisamos entender se essa a atual recessão poderá afetar mais setores da economia. Caso isso ocorra, teremos uma recessão mais prolongada, impactando negativamente o nível de emprego, por um período considerável. Fazer essa análise, não é tão simples. Os fatores são complexos e difíceis de serem previstos com exatidão. Relembremos da recessão de 2008/09 nos EUA. Pouquíssimos economistas conseguiram prevê-la. Contudo, podemos traçar uma linha lógica do atual processo inflacionário e analisar com consistência qual será o caminho mais provável de nossa economia. Mesmo que seja o caminho mais doloroso.

Gostaria de chamar a atenção que, entre os anos de 2010 a 2014, a inflação anual rodou entre 6 a 6,5%. Não ultrapassou o limite superior, pelo fato do governo ter segurado os reajustes de energia e gasolina, por exemplo. E, mesmo segurando os preços artificialmente, os custos de produção subiram e a competitividade externa das empresas domésticas foi reduzida. Para se ter uma ideia, o superávit da balança comercial passou de U$ 20 bilhões em 2010 para um déficit na ordem de US$ 3,9 bilhões, em 2014.

Como consequência natural, de preços mais elevados e desequilíbrios externos, nossa economia passou a registrar uma taxa de câmbio mais elevada. Muito provavelmente teremos que conviver com um câmbio acima de R$ 3,00 por um longo período de tempo. E, quanto maior o preço do dólar, maior será a inflação dos bens comercializáveis. Na verdade, há uma relação direta entre os principais produtos que fazem parte da pauta da balança comercial e a taxa de câmbio. É por isso que estamos pagando mais caro os alimentos e os produtos importados.

Nossa linha de raciocínio está quase finalizada. Temos o diagnóstico de pressão da inflação de bens monitorados – energia e gasolina vão continuar subindo – e dos bens comercializáveis. Ambos continuarão subindo acima de 7% para os próximos dois anos. Um problema enorme para a Autoridade Monetária. 

Neste contexto, o Banco Central (BC) está em uma situação desconfortável: terá que combater fortemente a inflação de serviços. O fato é que os aumentos na taxa de juros deverão ser o suficiente para reduzir o ritmo de expansão do mercado doméstico e os níveis de emprego e renda, variáveis sensíveis à dinâmica da inflação do terceiro setor. Infelizmente, o ajunte vai ser pesado e tudo indica que a atual recessão irá se prologar para atividades do comércio e serviços, ocasionando aumento na taxa de desemprego da força de trabalho.

Sabemos que o cenário atual é de greves e de grandes insatisfações populares e tudo indica que poderemos ter, nos próximos anos, um período de maior conflito social. A deterioração rápida do mercado de trabalho é muito preocupante e danoso para o tecido social brasileiro. Lamentamos o fato de a economia brasileira ter chegado nessa encruzilhada tão perversa.


Nota do Editor: Lucas Lautert Dezordi, é doutor em Economia e coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Positivo.

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