Na primeira década deste século, o Brasil viveu um período de rara prosperidade, com pleno emprego, crescimento econômico e milhões de pessoas migrando da pobreza para a classe média. Foi uma época de consumo aquecido e impulso aos mercados automobilístico, imobiliário, de eletrodomésticos e até de turismo. Faltava mão de obra, especialmente engenheiros civis, para suprir a demanda de uma economia pujante e estimulada pela população ávida por produtos e serviços. Muitos jovens foram os primeiros de suas famílias a ter a chance de frequentar uma escola particular ou de cursar faculdade. Ao lado de China, Rússia e Índia, o Brasil passou a integrar o grupo dos “BRICs”. Aos olhos do mundo, éramos a “bola da vez”. E, aos nossos olhos, estávamos otimistas com as perspectivas de sediar eventos esportivos internacionais — a Copa da FIFA, principalmente, tinha tudo para ser uma “vitrine global” – e de explorar a riqueza oferecida graciosamente pela natureza na forma do pré-sal. Perdemos um tempo valioso alterando regras de concessão e discutindo distribuição de royalties, em vez de simplesmente arregaçarmos as mangas e começarmos a nos apossar do petróleo que nos pertencia. Por inúmeras razões que não nos cabe aprofundar agora, mas que certamente passam por equívocos da equipe econômica e pela eterna tendência brasileira a ser tolerante com corrupção, desmandos e “jeitinhos”, ingressamos agora em um ciclo nada promissor. Analistas alertam para o risco de a economia não apenas estagnar, mas regredir. A inflação mostra-se cada vez mais ameaçadora e os investidores temem qualquer ousadia. Como empresário que atua há mais de 40 anos no ramo de logística, não vejo outra saída para a crise a não ser trabalhar. Ainda que sejamos prudentes e coloquemos o pé no freio em muitos instantes, não podemos ignorar que o Brasil é uma imensidão que ainda requer muita obra de infraestrutura. Não cresceremos sem estradas, portos, aeroportos, transporte urbano, usinas para geração de energia, exploração de minérios, petróleo e gás. Já atravessamos toda sorte de crise, tanto econômica quanto política. E nós as superamos! Os vendavais nos tiraram momentaneamente do rumo, mas não nos fizeram naufragar. Venceremos outra vez. Sou um empreendedor disposto a continuar ofertando o melhor serviço por um preço justo e competitivo. Quero gerar riquezas e empregos, produzir, aproveitar as oportunidades de crescimento. Foi com esse espírito que chegamos às nossas 16 filiais, aos mais de dois mil postos de trabalho diretos e a 600 milhões de reais em faturamento anual. E tudo sempre com muita transparência, auditagem independente e meritocracia. O Brasil pode estar em crise, mas não passa disso – uma crise. Somos maiores do que ela e sairemos vitoriosos desse novo embate! Nota do Editor: Júlio Simões é presidente da LOCAR Guindastes e Transportes Intermodais.
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