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SEÇÃO
Crônicas
25/03/2015 - 15h02
Os dilemas do escritor
Maria Cândida Vieira
 

Há algum tempo que tenho sentido que não é fácil ser um escritor. Primeiro, muitos não levam a sério os que se dedicam ao ofício de escrever, dizendo que escrevemos bobagens e deveríamos trabalhar e fazer coisas mais sérias, como se a gente escrevesse por diversão. Depois, há o problema de publicar e vender. A gente sofre tanto com a parte da publicação e da venda de exemplares que chega a se perguntar se realmente vale a pena enveredar por um caminho que sempre é solitário, demanda muito sacrifício e quase nunca traz compensações financeiras. Não que eu esperasse ficar milionária. Sei muito bem que, no Brasil, é dificílimo alguém viver de vender livros. Mas é frustrante e desgastante ficar com exemplares mofando nas estantes ou vê-los amargando em um lugar nas livrarias, como se à espera de alguém que tenha a boa vontade de se dar ao trabalho de dar uma pequena olhada neles e ver que vale a pena tê-los.

Nós, os escritores, sofremos também com a incompreensão alheia. Dizem-nos: “você escolheu um caminho difícil demais. Por que foi escrever?” Na verdade, não temos escolha. Não escrevemos por escolha, as palavras é que nos escolheram para se manifestar. Além do povo achar que temos escolha, tratam o que amamos e produzimos com tanto sacrifício, errando e lapidando até considerá-lo digno de ser lido e dividido, como um passatempo, algo que fazemos por diversão. Não, não é. Cada texto é resultado de um longo e laborioso processo que demanda paciência e disposição para darmos o melhor de nós.

As tentações para abandonarmos as letras não são poucas. Além da pouca compensação financeira, da falta de apoio, da incompreensão alheia e do desgaste, ficamos com a sensação de que nossas palavras talvez não produzam realmente a impressão que desejamos que provoquem, que deveríamos parar de nos preocupar com palavras e nos dedicar apenas às nossas necessidades concretas. Mas aí, se não escrevemos, ficamos com a impressão de que somos incompletos, que falta um pedaço essencial nosso, algo que faz de nós o que somos.

E assim vamos seguindo as nossas vidas, eternamente acompanhados dos dilemas do escritor.

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