Mais do que o desafio de combater a corrupção – tarefa de que a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal se encarregam concomitantemente – é importante evitar a parada geral do país. A construção civil, um dos principais motores da economia, demitiu 241.580 trabalhadores a partir de setembro, quando as investigações da Operação Lava-Jato se intensificaram, as empreiteiras como, imprescindíveis empresas geradoras do desenvolvimento econômico, começaram a ter problemas que vão até a prisão de seus altos executivos. O governo, até então empenhado na campanha de reeleição, começou a atrasar os pagamentos e as construtoras, não tendo acesso a crédito bancário suficiente para manter o ritmo das obras, demitiram em massa e só mantém um mínimo de pessoal nos canteiros, para evitar a suspensão dos contratos. O atraso no pagamento deu-se pela tentativa governamental de fechar as contas do ano passado, o que só foi possível com a mudança da regra do jogo, pois o dinheiro foi insuficiente. Obras destinadas a promover o desenvolvimento de regiões – transposição de águas do Rio São Francisco, Ferrovia de Integração Oeste-Leste, Cinturão de Águas do Ceará, Rodoanel Norte de São Paulo e os grandes projetos da Petrobras – estão se arrastando. O governo precisa resolver o que fazer com esses empreendimentos onde já investiu elevadas somas e parte do serviço se perderá se ficarem parados. São obras de infraestrutura fundamentais ao desenvolvimento regional e nacional e delas dependem os empregos e toda uma cadeia econômica de consumo de seus trabalhadores e dos fornecedores de matéria prima para as obras. Se a falta do dinheiro dos projetos governamentais permanecer, será impossível evitar o efeito cascata e a contaminação de todo o parque produtivo. Os ministros da área econômica – que até agora só levaram o governo a propor ônus ao trabalhador, aos aposentados e ao empresariado, como forma de ajuste – precisam ajudar a presidente a encontrar um meio de manter ativo o parque de produção. Não os vimos, até o presente momento, propondo a redução do número de ministérios e nem o fim ou redução do aparelhamento da máquina pública, inchada por apadrinhados políticos. É preciso que usem a criatividade e dêem ao país a saída para esse momento difícil, mas evitem colocar a carga só nas costas do contribuinte. Emagrecer a máquina seria a mais sensata, saudável e honesta forma de ajuste. Só depois de cortar os próprios exageros o governo teria moral suficiente para ministrar o remédio amargo do ajuste à sociedade... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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