Diante das infundadas e difamatórias alegações divulgadas a seu respeito pela imprensa nos últimos dias, a Associação das Indústrias Fabricantes de Placebo do Município de Jeguinho – AIFPMJ, vem a público esclarecer o seguinte: – Os dezoito óbitos ocorridos pela ingestão de comprimidos de placebo, presumivelmente fabricados pelas indústrias de nossa associação, referem-se a pacientes que notoriamente sofriam de severos distúrbios psicossomáticos. Por essa razão, muito mais influenciáveis aos efeitos que a substância ativa poderia acarretar, se estivesse contida nas cápsulas. Tal fato seria capaz de potencializar exponencialmente os efeitos de medicamentos com ação farmacológica zero. – A farinha utilizada nos placebos por nós distribuídos possui índice comprovado de pureza da ordem de 99,9999999999%, quimicamente incapaz de abater um ácaro, quanto mais um ser humano. – Só podem ser considerados puros os placebos certificados com o selo “100% inócuo”, conferido por nossa entidade às empresas que cumprem rigorosamente as normas técnicas por ela estabelecidas. Não há provas periciais até o momento que confirmem que os placebos ingeridos pelas vítimas tinham em suas cartelas o citado selo. Da mesma forma, nenhum indício sugere que as cápsulas que provocaram os óbitos e as de nossa produção sejam de farinha do mesmo saco. – Mortes por ingestão de placebos vêm sendo relatadas nos mais diversos rincões do globo, e não somente ao noroeste do Piauí, como algumas das matérias levianamente dão a entender. Cabe à comunidade científica internacional – especialmente o FDA – mobilizar esforços para estudar o fenômeno em âmbito mundial e posteriormente explicá-lo à opinião pública. – Por se tratar de produto de consumo de massa em nossa caatinga e item de larga tradição no criado-mudo do sertanejo, desde a época do Brasil Colônia, a pujante indústria do placebo tem consciência de sua responsabilidade sociofarmacêutica. Tanto que vem sabendo acompanhar as crescentes exigências do mercado e do consumidor, no que diz respeito à qualidade das cápsulas distribuídas entre o agreste sergipano e a Chapada do Dedéu – área onde o consumo disparou nas últimas décadas, ocasionando inclusive o aparecimento de dezenas de rotas de tráfico da substância. – Entendemos que o placebo genérico, cuja entrada no mercado foi recentemente regulamentada após forte lobby em Brasília, não pode ser admitido farmacologicamente como placebo por não ter sua pureza controlada pelos órgãos reguladores a que a nossa entidade está submetida. Consequentemente, seu uso representa potencial ameaça à saúde pública.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
|