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Opinião
10/04/2015 - 11h06
Cem dias de solidão
Levi Ceregato
 

A presidente Dilma Rousseff completa, em 10 de abril, os primeiros cem dias de seu segundo mandato praticamente isolada no Palácio do Planalto. A base de sustentação do governo no Congresso Nacional está muito abalada, colocando o Poder Executivo quase na condição de refém das mesas diretoras do Senado e da Câmara dos Deputados. É o velho clientelismo mostrando suas garras. Como se não bastasse, o próprio PT questiona a administração e as decisões do governo, tornando-o ainda mais frágil.

A solidão de Dilma é a face mais aguda dos desentendimentos políticos que dificultam a solução da crise econômica, pois geram desconfianças, incertezas e insegurança. A presidente caminha num fio de navalha. Qualquer decisão que adote desagrada um ou mais segmentos integrantes do governo, cujos ministérios constituem uma Babel ideológica dos partidos aliados (???) e de sua própria legenda.

Indicação muito clara disso é o ajuste fiscal, tão necessário à Nação, mas contestado de modo veemente pelo PT e os setores mais à esquerda do pensamento nacional, que não aceitam a redução de benefícios para os desempregados e pensionistas do INSS. Outro exemplo é o projeto de lei relativo à terceirização, também do desagrado da CUT, do partido da situação e de organizações oficiosas que o apoiam, como os movimentos dos sem terra e sem teto, protagonistas de manifestação violenta em frente ao Congresso Nacional, no dia da votação, 7 de abril. Como agirá Dilma no momento de sancionar a matéria? Em contrapartida, propostas como a da redução da maioridade penal, defendida por vários partidos da base de sustentação e da oposição, não têm o apoio da presidente.

Dividida na tentativa de preservar o apoio de legendas cada vez menos sinérgicas, fragilizada politicamente dentro do próprio PT e pressionada pelo escândalo do petrolão, Dilma Rousseff vem adotando apenas medidas paliativas e não faz o que o Brasil precisa para retomar o crescimento econômico: juros e impostos menores; câmbio equilibrado; política eficaz de estímulo à competitividade industrial; investimentos em infraestrutura; garantia de abastecimento de energia e programa sério para enfrentar a crise hídrica; financiamentos de longo prazo para as médias e pequenas empresas; e política cambial mais equilibrada, que atenda à necessidade de impulsionar as exportações, mas sem exceder os limites de desvalorização do Real toleráveis para quem compra tecnologia, insumos e bens de capital no exterior.

Essas são providências essenciais para reanimar os investidores e despertar o chamado espírito animal dos empresários, invocado recentemente pelo próprio governo. Poucos ousarão empreender, aumentar a produção, criar produtos e serviços e alocar recursos na expansão de mercados, em meio ao presente cenário de incertezas e de políticas públicas inconsistentes, de curto prazo, com frágil apoio político e que, por todas essas causas, inviabilizam o planejamento das empresas e desestimulam a economia.

Em vez de seguir premida pelos partidos, chegou a hora de a presidente Dilma, fazendo valer a legitimidade institucional de sua eleição, ignorar o fisiologismo e atender aos anseios dos mais de 53 milhões de eleitores que votaram nela, dos outros mais de 50 milhões que não votaram, dos trabalhadores, empresários e toda a sociedade, realizando o que o Brasil realmente precisa. Caso contrário, transformará o Palácio do Planalto num sombrio cenário realista da mítica aldeia de Macondo, na qual se isolaram, em “cem anos de solidão”, os membros da família Buendía, personagens do consagrado romance do Nobel de literatura Gabriel Garcia Marques.


Nota do Editor: Levi Ceregato é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional).

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