O medo de voar afeta muito a rotina das pessoas que não têm escolha e precisam viajar de avião. Se a fobia interferir no bem-estar e na qualidade de vida, é recomendável fazer alguma coisa para alterar a situação. A negação do medo só o faz piorar. Admitir o problema é o primeiro passo para ultrapassar o medo de voar. Julio Peres, doutor em neurociências e comportamento, com 25 anos de experiência como psicólogo clínico, autor dos livros “Trauma e Superação” e “Neuroimaging for Clinicians”, responde algumas questões importante para superar esse medo. Quais as possíveis causas para o medo de avião? É importante diferenciar primeiramente o medo de uma verdadeira fobia. O medo geralmente não impede o indivíduo de realizar as suas atividades, a despeito do desconforto. As causas são diversas para o surgimento dos medos e das fobias, podendo ser geradas por fatores genéticos, neuroquímicos, socioculturais, tipo de personalidade e eventos de vida como traumas psicológicos. Muitas vezes as fobias são decorrentes de eventos em que o indivíduo experimentou expressivo medo no passado. O medo de avião pode estar relacionado a algum tipo de trauma? Por quê? Sim. Muitas vezes as fobias são decorrentes de eventos em que o indivíduo experimentou expressivo medo no passado. Lugares, circunstâncias ou sensações associados ao trauma podem disparar a memória do evento e mecanismos de alerta como se a situação traumática estivesse acontecendo ou por acontecer, como um sistema que visa a sobrevivência. Pessoas que já sofrem de problemas envolvendo ansiedade, como síndrome do pânico e transtorno de ansiedade, podem vir a ter crises no avião? As viagens de avião são frequentes e necessárias nos dias de hoje pelas oportunidades ao desenvolvimento profissional, cultural e de lazer oferecidas por esse meio de transporte. As pessoas fóbicas geralmente reconhecem que o medo é excessivo e irracional, mas mesmo assim manifestam extrema ansiedade, que por vezes pode custar grande sofrimento tal como um ataque de pânico. É possível superar o medo de avião, ou a pessoa apenas aprende a conviver com o medo? O diálogo entre o medo e a coragem está presente em muitas expressões artísticas, como pinturas, esculturas e peças literárias. Na prática, se você tem medo, isso não significa que você não tenha coragem, ou vice-versa. Coragem tem em sua raiz o significado “ato do coração”. Considero que ser corajoso inclui responsabilidade e integridade alinhadas ao desenvolvimento e à prosperidade pessoal. A coragem sem o medo pode ser desastrosa e mal sucedida. Portanto, o aprendizado e o cultivo da coragem podem ocorrer a partir do controle gradativo das variáveis temerosas, do conhecimento real das motivações pessoais e do porquê de enfrentar a adversidade. É possível dar dicas práticas para ajudar os leitores a driblarem o medo de avião? Quais são elas? Apostar em técnicas de relaxamento é uma boa estratégia? Por quê? É possível ensinar algumas? A auto-indução de relaxamento com foco na respiração tranqüila apoiada por pensamentos de superação (ex: Eu me sinto tranqüilo e seguro... Tudo está bem agora e assim continuará... Sou capaz e supero a mim mesmo...) ajuda na superação. Quando mantemos a respiração tranquila nos sentimos mais seguros, confiantes e com o controle preservado. Enfatizo também aos meus pacientes que nós construímos sobre o que temos e não sobre o que nos falta, e por isso, o processo terapêutico envolve o resgate das memórias de superação e auto-eficácia. Uma boa dica é resgatar o repertório de vitórias em outros períodos da vida E, para quem tem medo mas já está de viagem marcada, há técnicas que ajudam a minimizar o sentimento (viajar acompanhado de alguém de confiança, se exercitar com algumas semanas de antecedência etc.)? Quais são elas? Por que são efetivas? Para dissipar o medo ou a fobia, e fazer o tratamento de fobia e medo, muitas pessoas têm buscado a psicoterapia que confere significativos resultados de superação. Os efeitos terapêuticos são em boa parte, decorrentes do ‘aprendizado de extinção’, que estabelece novas e saudáveis respostas mediante o estímulo que causava medo.
|