06/08/2025  17h26
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
07/05/2015 - 12h18
Responsabilidade social no futebol
Reinaldo Dias
 

O impacto social do futebol no Brasil é indiscutível e ainda pouco dimensionado, a transmissão das partidas pela TV tornou-se um gigantesco espetáculo que envolve milhões de pessoas e para muitos funciona como válvula de escape diante de sua realidade econômica e social. Os momentos propiciados pelo esporte podem até aliviar, mas não solucionam problemas, mas sem dúvida, levam alegria a muitos que vivem em dificuldades.

Mas, nesse contexto, como ficam os principais atores do futebol: os times e os jogadores? Que papéis exercem em termos de responsabilidade social?

Em nosso país são poucos os clubes que se esforçam em envolver seus jogadores em ações de responsabilidade social. Na última Copa do mundo presenciamos a atuação social da seleção alemã junto à comunidade onde ficou concentrada na Bahia. No futebol inglês muitos clubes mantêm programas de responsabilidade social envolvendo os times com escolas e outras instituições locais, às quais oferecem programas de educação baseados em princípios e valores para crianças e adolescentes. Por exemplo, o Chelsea conta atualmente com 44 programas de responsabilidade social, e o Arsenal com 34, que integram suas estratégias de negócios. Esses clubes têm, inclusive, departamentos de responsabilidade social que monitoram os resultados de cada iniciativa. Entre os programas oferecidos pelos times ingleses se encontram: oficinas culturais em que os jogadores estrangeiros ensinam sua língua e costumes para incentivar o respeito e a tolerância, turmas de informática em parceria com empresas de tecnologia, programas de inclusão social que promovem a inserção de jovens no mercado de trabalho, aulas de desenho, arte, arquitetura e meio ambiente com visitas monitoradas aos estádios e cursos de administração de empresas oferecidos pelo pessoal administrativo dos clubes.

Este processo permite a formação não só de cidadãos mais conscientes, mas de torcedores mais responsáveis e inclusive mais comprometidos com o clube. Na prática o investimento realizado pelos clubes na sociedade, no longo prazo beneficiará a eles mesmos.

No Brasil a gestão dos clubes tem pouco envolvimento com ações de responsabilidade social. Por sua vez, os jogadores da elite do futebol profissional, em sua maioria, aparentam pouca ou nenhuma consciência de sua repercussão na sociedade, preocupando-se mais com a renovação de seus contratos e os salários auferidos do que seu papel como cidadãos. O retorno dos jogadores às suas comunidades de origem é quase nulo, havendo poucos casos de referência. Destacam-se alguns jogadores que atuaram na Europa e adquiriram maior consciência de seu papel social e por isso adotam iniciativas de inclusão social.

No entanto, há sinais positivos que insinuam uma mudança de mentalidade em alguns clubes. Entre eles destacam-se os que adotam uma gestão estratégica de responsabilidade social: Internacional, Corinthians e Atlético Paranaense. O Internacional desenvolve uma série de ações sociais e foi o autor do primeiro balanço social feito por um time brasileiro. Possui uma fundação (FECI – Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional) que foi criada em 1976 que promove diversas ações sociais. O Corinthians publicou neste ano o seu quinto relatório de sustentabilidade de acordo com os padrões internacionais adotados pelo Global Reporting Initiative(GRI), sendo um dos primeiros clubes do mundo a adotar essas diretrizes. O Atlético Paranaense publica balanço social desde 2003 e faz investimentos em programas de esportes voltados à inclusão social como o projeto social Escola Furacão, que atende mais de 2500 crianças. Outros clubes como Santos e EC Vitória desenvolvem ações voltadas para a inclusão social.

São sinais de mudanças e que mostram que o esporte das multidões pode se tornar uma referência positiva para seus milhões de admiradores também no quesito da responsabilidade social. O exemplo dos clubes e seus jogadores, deve servir de referência para os seus torcedores que passariam a admirar mais ainda seus clubes preferidos e quem sabe, contribuir para a diminuição da violência nos estádios.


Nota do Editor: Reinaldo Dias é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, mestre em Ciência Política e doutor em Ciências Sociais pela Unicamp.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.