Arrependi-me quase antes de terminar de digitar, no meu mecanismo de busca da internet, tamanha bobagem. Milhões de pessoas morrendo de fome no mundo e eu querendo saber, maldita tecnologia, como fazer um bolo de fubá fofinho... e tinha que ser assim, não macio nem saboroso, mas fofinho, com tudo o que o nome indica. Santa futilidade.

Massacres na África, onde a miséria grassa; corrupção em todas as esferas políticas e fora delas, tirando muito de quem já nada possui; a cobiça e o egocentrismo acabando com nosso habitat, fazendo esquecer que recebemos este planeta de nossos pais e que o deixaremos aos nossos filhos, e aos filhos de nossos filhos, que não têm (ainda) outro lugar para viver.

Bolo de fubá fofinho no meio da maior crise hídrica do país que tem tantos rios que não se pode contar, do país que abriga o maior rio do mundo, do país mais rico em biodiversidade da Terra. A Terra, o planeta água. A biodiversidade em risco. Bolo de fubá fofinho versus o desabastecimento na maior metrópole do Brasil, uma das maiores do mundo, fazendo antever no horizonte o caos: êxodo urbano, falta de recursos para sobrevivência, aridez, miséria, lutas entre pessoas por um copo de água potável, extinção da raça humana.

Olho para a tela do computador, desolada e à beira de uma depressão... então, antes de me extinguir, decido: mereço um pedaço do bolo. De fubá. E bem fofinho.