Desconfortavelmente vemos uma empresa que é uma das três maiores agências de viagens do país pedir recuperação judicial junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo, sob a justificativa de ter sido impactada pelas crises que o País atravessa: “segurança, hídrica, energética, econômica e, a pior de todas, a crise de confiabilidade”. Essa empresa atua no mercado há 54 anos e, convenhamos, ninguém conseguiria enganar a todos por tanto tempo. Logo, o que nos resta nesse quadro é a preocupação em relação à crise, que fatalmente atinge ou atingirá muitos outros negócios, e frustra as mais promissoras expectativas. Que o país vive uma crise não é novidade. O próprio governo admite, ainda que tardiamente. Os mais respeitáveis órgãos de pesquisa – governamentais ou não – são unânimes ao registrar que a economia nacional está encolhendo. Montadoras de veículos, produtoras de eletrodomésticos e até a Caixa Econômica Federal, financiadora dos programas habitacionais, enfrentam a escassez de recursos e são obrigadas a reduzir a produção, demitindo empregados e fechando parte das carteiras de financiamentos. A crise é tão explícita que setores, lutando desesperadamente para sobreviver, passam a apostar no consórcio, um sistema de autofinanciamento, para continuarem dando destinação aos seus produtos. O Governo, o Parlamento e o empresariado precisam se conscientizar desse momento crítico pelo qual passa o Brasil. Não basta o Governo aumentar impostos ou reduzir benefícios que ao longo dos tempos foram oferecidos aos trabalhadores. A questão básica não é fechar as contas governamentais do próprio ano sem a necessidade das “pedaladas fiscais” promovidas ao final de 2014. É necessário buscar a sustentabilidade econômica para que tanto o Governo quanto as empresas fechem o ano sem problemas, não tendo de recorrer a artifícios. Queremos um país onde o Governo arrecade o que lhe é devido, transforme a arrecadação em serviços à população. Com isso, a população, apoiada e assistida, poderá trabalhar e gerar novos impostos, trazendo de volta a espiral do progresso. Além dos ajustes nas próprias contas, o Governo precisa resolver as relações com o mercado e garantir a salubridade das empresas que nele operam. Não podemos continuar assistindo organizações com décadas de trabalho se esvaindo em problemas e correndo o risco da inviabilidade. É preciso salvar os negócios pois, sem eles, a economia nacional, certamente, perecerá... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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