A esquerda sempre vendeu a ideia de que toda gente pode ter a sua boquinha no Tesouro, ser “incluído”. Tome saúde, educação e transporte grátis. Mas nada é de graça, tudo alguém paga. O suprassumo dessa irresponsabilidade é o sistema de Previdência Social. Vai desamparar quem confiou. Se não houver redução de proventos, haverá necessariamente uma explosão inflacionária, porque a carga de impostos não pode ser elevada. A estupidez desse sistema de Previdência é evidente, gerando legiões de desocupados bem remunerados. Um desperdício de recursos humanos. A Previdência é como a Cantareira: passaram anos abrindo as torneiras e um belo dia a fonte secou. A grana acabou. Soube que a CEF não está pagando suas contas de luz. Aqui vemos que o circo vai mesmo pegar fogo. Não pense você, caro leitor, que essa crise é conjuntural e será superada na curva do tempo sem esforço. Ela é da proporção dos anos 30. Brasileiros, tremei: a conta do ajuste chegou e será muito cara. Haverá choro e ranger de dentes. * Uma boa história da literatura brasileira fará ver que nossos autores formam uma galeria de malucos, visionários e auto iludidos. São bem a expressão do ser brasileiro, que os criou. O Brasil nasceu da loucura da modernidade e dela nunca se livrou. Um grande hospício. A maior expressão da loucura moderna é o Estado nacional, o lusitano por primeiro, que veio a parir o Brasil, do fundo de suas ambições. Canudos foi um momento ímpar dessa febre alucinógena. Rebelados que não compreendiam o Estado, generais que massacraram seu povo. Uma infâmia. O Conselheiro matou o general, mas general algum matou o Conselheiro. Morreu ingloriamente de disenteria, uma morte apropriada para o caso. O Estado falou em Canudos: “ninguém viverá contra mim, fora de mim e nem a despeito de mim. Sou a realidade possível”. A paisagem de Canudos é emblema da secura da alma nacional. Pobre, podre. A violência, a matança e a degola mostram isso. Massacre. * O desastre econômico está garantido. É como um avião que embica pro solo. A velocidade aumenta em exponencial e o desastre é certo. Os jornais trazem todos os dias notícias sobre demissões, cortes de produção, desaparecimento de setores inteiros. Corte de crédito piora tudo. O chamado Custo Brasil é uma realidade teratológica, piorada pelo “tarifaço”. O Estado está matando a economia, a começar pela indústria. A saída da crise depende de corretas ações do governo. Esse ajuste do Levy-atã está errado, só piora tudo. Recusa-se a cortar despesas. Quando o avião se espatifa no chão não há sobreviventes. Uma boa metáfora para o que está acontecendo na economia. Espetáculo espantoso. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais.
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