O termo “pouso de barriga”, ou Belly Landing em inglês, é utilizado nos eventos onde o piloto em comando decide pousar no dorso, ou barriga do avião, em função de uma pane ou problema com aeronave. Este termo é usado em oposição ao termo “pouso com trem recolhido”, que é mais utilizado para representar quando o pouso se dá no dorso do avião, mas aí por ter se esquecido de baixar os trens de pouso. De um modo geral, o comandante escolhe pousar de barriga quando ele detecta algum problema no travamento ou acionamento dos trens de pouso. Alguns comandantes preferem pousar de barriga, por exemplo, quando apenas um dos trens de pouso não baixam, outros quando a pane se dá nos dois trens traseiros, ou trem principal. Quando a pane se dá no trem de nariz, é comum ver os pilotos mais habilidosos pousarem com o nariz “alto” usando apenas o trem de pouso principal, baixando o nariz apenas quando a velocidade do avião é baixa e a sustentação do nariz para cima não é mais possível. Outra justificativa para se escolher pousar de barriga é quando o comandante não tem certeza ou não consegue avaliar o terreno onde irá pousar. Por exemplo, pousos de emergência em descampados, pastos ou plantações. Nesse caso, baixar o trem de pouso pode acarretar danos e ferimentos mais graves aos ocupantes da aeronave, pois o mesmo pode “prender” no solo, provocando o capotamento ou pivotamento da aeronave. Assim, o piloto experiente não baixa o trem em situações como estas, preferindo o pouso de barriga. No caso de uma pane seca, ou seja, quando os motores não estão funcionando mais e a aeronave está “caindo planando”, temos mais um motivo para o piloto não baixar o trem de pouso, que é o de manter a aeronave o mais “limpa” possível. Ao baixar o trem de pouso, o arrasto causado por eles diminui ainda mais a velocidade da aeronave e, em consequência, sua sustentação, tornando o controle da queda ainda mais complicado, se não impossível. Então, no caso da aeronave que pousou de barriga no final de semana, envolvendo apresentadores de televisão, sem considerar os eventos e fatores que contribuíram para o acidente, a decisão do comandante de pousar de barriga e a perícia demonstrada no controle da aeronave até o toque com o solo, são dignas de parabéns. Elas demonstram que, da mesma forma que o fator humano é o principal causador de acidentes, um piloto bem treinado e experiente pode sim salvar vidas quando a máquina falha. Nota do Editor: Shailon Ian, engenheiro aeronáutico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e sócio presidente da Vinci Aeronáutica.
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