— Mãe, tô entrando! — Vem cá, mi’a fia, tô aqui no quarto. — A bênção, mãe, tá tudo bem com a senhora? — Deus abençoe, Regina. Tá tudo bem, uai... — Então, tá bom... — Regina! Cê tá esquisita! — Tô não, mãe, tô normal! — Hum, sua cara te condena! Quê que foi, hein? — Nada não, mãe... Cê já tomou o remédio pro coração? — Já, já tomei. Eu tomo direitinho, todo dia. — Ah, bom! E a pressão, tem medido? — A moça do Postinho passa sempre aqui, tá tudo joia! — Fico tranquila, mãe. Vamos ali pra varanda? — Uai, por quê? Aqui no quarto não tá bom? — Tá meio abafado, mãe. — Quê isso, meu Deus! Eu não tô achando, não... — Tá, tá abafadinho, mamãe. Lá na varanda é mais ventiladinho. — Regina de Fátima! Cê tá um trem estúrdio! — Ai, mamãe! Tô nada! — Tá! Vamos pra varandinha! Êh, menina teimosa! — Peraí, vou ali na cozinha pegar um copinho d’água pra senhora. — Água? Mas, eu não tô com sede não, Regininha! — Eu sei, mãe, mesmo assim vou pegar. — Regina! Cê quer me dar alguma notícia ruim? — Tá bom, mãe. Agora que já sei que a senhora tá um coco, a gente tá na varandinha ventilada e a senhora tá com um copo d’água na mão, vou contar... — Contar o quê, Regina? Fala, pelo amor de Deus! — Mamãe, cê não vai levar susto, promete? — Ih, desenrola! Larga de rasgar seda e fala logo, menina! — Mãe, cê precisa ser forte... — Eu vou é te bater se continuar nessa bobajada, Regina! — Tá bom, mamãe! É que... A Glorinha da Tia Luzia morreu. Foi enterrada hoje de manhã. Agora já posso contar... — Glorinha? Ah, pelo amor de Deus, Regina! Pra mais de vinte anos que eu não via a Glorinha. Eu já nem lembrava mais dela... Vê lá se vou importar com isso! — Mamãe!
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