No Brasil há ainda um grande desafio a ser vencido quando falamos em mobilidade urbana, tanto em seu conceito como na estruturação de novos projetos. Levando em consideração a crescente demanda das cidades brasileiras, por conta do alto índice de urbanização, é nitidamente percebida a necessidade de um transporte de massa mais inteligente, em especial nas médias e grandes cidades. Uma conquista ainda é desenvolver modais que consigam não só ampliar, mas também integrar as diversas malhas de locomoção existentes, tornando a vida dos usuários mais fácil. Por mais que não haja uma solução perfeita para a concretização dos planos de mobilidade, certamente existem várias opções para melhoria do transporte de passageiros. A utilização de um sistema que promova integração e conectividade entre carros, ônibus, metrôs, trens regionais, bicicletas e até pedestres, por exemplo, é considerada uma boa recomendação para solucionar os problemas atuais no Brasil. E essa interconectividade passa pelos Veículos Leves sobre Trilhos, chamados VLTs que, inclusive, possuem forte capacidade de adequação às condições brasileiras. No início do século XX, a utilização dos bondes no país já era ampla e impulsionou a chegada do transporte em grande escala. Hoje, é percebido um forte indício da retomada desse modal por meio de uma solução mais tecnológica, que é o VLT. O modal, que deve engrenar com força no país, nos mostra uma opção inteligente de locomoção por meio da complementariedade do sistema de transporte. E, consequentemente, oferece mais qualidade de vida à população por meio da otimização do tempo gasto em trânsito. Além disso, levando em consideração as mudanças das condições climáticas vividas atualmente, é importante pensarmos em sistemas que ofereçam às pessoas um ambiente mais limpo e saudável. O VLT também se adéqua nesse contexto. Com baixa emissão de C02, permite uma convivência mais amigável, emitindo quatro vezes menos C02 do que um ônibus e dez vezes menos se comparado a um carro. Sem contar que se adapta às condições urbanas sem deteriorar o patrimônio das cidades. Também devemos pensar em qualidade e conforto de um sistema ferroviário. Atualmente, essas definições são mais criteriosas. Com piso baixo totalmente alinhado ao nível da calçada, o VLT permite melhor acesso às pessoas com mobilidade reduzida e com todas as suas soluções tecnológicas, traz mais segurança aos passageiros, na abertura das portas, sistema de frenagem, entre outros sistemas de segurança. Capaz de atender a uma demanda de 3 a 14 mil passageiros por hora e sentido, traz ainda mais rapidez e fluidez aos projetos de mobilidade. Como exemplo da força do sistema, podemos citar o projeto de Bordeaux, na França, em que o VLT da cidade é comprovadamente eficiente. Composto por três linhas com 44 quilômetros e 87 estações, o sistema funciona na região histórica da cidade, livre de catenárias. O projeto de Bordeaux foi executado em regime de chave na mão, que é uma contratação integrada do projeto e que também inclui serviços de manutenção. Mesmo ainda pouco utilizado no Brasil, mas presente em grandes estudos e projetos, o modal tem uma perspectiva de fixação e mudança muito alta, principalmente se considerarmos a chegada de novas linhas de fabricação dedicadas a ele no país e as perspectivas dos projetos do Rio de Janeiro, em andamento, e o ainda a ser iniciado em Goiânia, em que ambos têm a intenção de promover algo similar ao que a França, Espanha e diversos outros países já oferecem e que, sem dúvida, trarão novos nortes à mobilidade brasileira. Nota do Editor: Cristiano Saito, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Alstom.
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