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Opinião
20/06/2015 - 12h52
Nós, americanos
Montserrat Martins
 

Décadas atrás, assistíamos americanos e europeus debatendo aborto, maconha, casamento gay e adoção por estes casais, movimentos pela igualdade de gênero, etnia, inclusão, tudo isso parecia muito distante do Brasil. Quem nasceu depois dos anos 80 cresceu em ambiente de efervescência cultural, mas até os anos 70 a população brasileira vivia tão imersa na miséria e conformismo, que debater direitos civis parecia um luxo de países ricos, uma realidade muito distante da nossa.

O conservadorismo não militava, era a dita “maioria silenciosa” que aparecia no apoio popular aos governos militares e nos 90% de católicos do país, grande consumidor dos filmes americanos “água com açúcar” que passavam na “sessão das duas” da Globo.

Quando as pessoas falam em “bons tempos” de modo saudosista, muitas vezes estão se referindo, no imaginário coletivo, a esse tempo sem polêmicas, sem debates mais ácidos sobre os direitos civis, sem disputas sobre posições sociais que se refletem nas próprias leis, além das repercussões mais amplas na nossa cultura.

Se podia ser confortável para quem não se sentia atingido pelas leis e convenções sociais vigentes, sempre foi desconfortável para quem era constrangido, oprimido ou restringido em seus direitos.

Nos anos 70, os anos do silêncio – que começou a ser rompido na década de 80 com os movimentos que culminaram com a nova Constituição de 88, um avanço considerável naquela época – os brasileiros se sentiam vivendo claramente em um país subdesenvolvido não só na economia, mas também na cultura.

Nada parecia mais “chique” do que imitar os americanos, os filmes Hollywoodianos sempre causaram impacto em nosso comportamento, mas não havia grandes questionamentos nos filmes da época, também. Mesmo que as sociedades americana e européia já efervescessem nas lutas por direitos civis, esses não eram os temas padrão dos filmes comerciais americanos, da indústria do entretenimento.

Dizia-se até que o brasileiro era um povo pacífico e que não gostava de polêmicas, que aqui todos os preconceitos eram menores, que éramos um povo generoso e pacífico por natureza. Junto com o subdesenvolvimento, havia o mito do caráter genuinamente brasileiro, que seria avesso a esses conflitos sobre questões de comportamento, como se fossem desnecessários ou fáceis de conciliar.

Hoje há polêmicas sobre direitos civis com a mesma intensidade e paixão, aqui, como existem há décadas entre os americanos.

Ainda somos subdesenvolvidos economicamente (até quando viveremos só de commodities?), mas nos debates culturais agora nós, sul-americanos, não devemos mais nada aos norte-americanos.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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