Uma brisa suave tocava em seu rosto. Seu Rubens fechava os olhos e sentia o frescor daquele vento embalando seus cabelos brancos pelo tempo. Depois de um dia árduo de trabalho, como era costume, ele gostava de sentar na velha cadeira de balanço. Ela estava carcomida pelo tempo... assim, bem ali passava horas, coxeando em pensamentos, e lembrando de momentos felizes de outrora. Do bolso tira um pequeno espelho e se vê sua pele não é mais a mesma. Está gasta pelo tempo, com seus olhos marcantes. Meu Deus! O tempo passou... Sou um velho, exclama! No quintal observava com atenção o velho trator, companheiro de muito trabalho. Apesar de usado, ele funcionava, com algumas gambiarras. Ao longe as galinhas cacarejavam, os cães latiam e os marrecos pareciam assustados. Dona Maria grita: – Ô Binho, assim ela o chamava. Eles se conheceram há cinquenta anos, casamento arranjado, mas são como tampa e panela, amor à primeira vista, tiveram seis filhos que seguiram seus caminhos, abençoados pelos seus pais, e falava deles com imenso orgulho. Na cozinha já se ouvia o estalar dos biscoitos, receita da vovó e, mostrava o capricho de Dona Maria, exímia cozinheira. Sentados à mesa lembrava-se dos burburinhos das festas, do toque da sanfona, do arrasta pé, riam com as lembranças de um passado distante que ficou para trás. À beira do fogão de lenha espera pela sopa. E assim vai levando a vida. Seu sonho é poder comprar um lindo vestido vermelho de luar para sua amada. Ela ria, não vendo a hora desse dia chegar!
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