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Opinião
29/06/2015 - 11h03
Perversão legal
Montserrat Martins
 

O Odebrecht deve estar arrependido de não ser banqueiro, onde poderia lucrar à vontade, com leis e governos sempre a favor. Entre 1980 e 2014, o Estado brasileiro aplicou 861 bilhões em investimentos e 3 trilhões e 584 bilhões com o pagamento de juros, dado publicado pelo jornalista Clóvis Rossi, da Folha de São Paulo, que não foi manchete daquele jornal e de nenhum outro do país – quem quer se incomodar?

Poderosos mesmo não são os corruptos, são os que tem as leis a seu favor. Agiotagem é crime, mas os juros bancários extorsivos, seja sobre as pessoas comuns, seja sobre os governos, são legais. A Função Social da Empresa está na Constituição, Art. 5º, XXIII, que enfatiza que “a propriedade atenderá a sua função social”. Mas na prática o Barão de Itararé já explicava como isso funciona, “banco é um lugar que te empresta dinheiro, se você provar que não precisa”.

No ambiente interno dos bancos, os funcionários são sugados até a exaustão. Um número expressivo de bancários – não só de funcionários comuns, mas inclusive de cargos de chefia, muitos deles Gerentes, passam a precisar de atendimento psiquiátrico em função do estresse crônico e cumulativo a que são submetidos pela pressão constante pelas famosas “metas” a atingir.

Os psiquiatras são testemunhas involuntários das várias formas de perversidade intrínsecas aos bancos, sejam privados ou estatais, todos dentro da mesma lógica da competição por produtividade. Jovens da faixa dos 20 anos de idade são rapidamente promovidos a funções gerenciais, para atrair clientes com a “boa aparência” dos funcionários que os induzirão a contratar os mais diversos “produtos” dos bancos. Os Gerentes mais experientes, que sabem que alguns negócios podem não ser bons para os clientes, podem ter crises de consciência em induzir pessoas a fazer certos negócios, mas são pressionados a “fechar metas” mesmo assim.

Quando bancários passam a ter problemas psiquiátricos e a depender do INSS, por terem de tomar medicação e não conseguirem mais trabalhar, eles tem uma perda financeira grande, em relação ao tempo na ativa, principalmente os que já foram Gerentes. Mesmo assim, a simples menção dos nomes de seus bancos, metas e uma série de siglas de produtos que vendiam, lhes faz terem sintomas de pânico. Dinheiro não é tudo na vida, eles querem ter um mínimo de saúde, que lhes foi sugada pelo sistema financeiro, uma “máquina de moer carne” por dentro e para fora.

A quem beneficiam os bancos, hoje? Nem aos funcionários, nem à indústria ou ao comércio, sob altos juros, nem ao governo, nem à sociedade. Meia dúzia de banqueiros, os donos, são os únicos beneficiários de um sistema perverso. Bertold Brecht foi quem matou a charada: “Melhor que roubar um banco, é fundar um”.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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