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Opinião
01/07/2015 - 17h07
A lógica do terror
Amadeu Roberto Garrido de Paula
 

Os jihadistas desconhecem e não querem conhecer crença, costumes e modos de vida diferentes dos seus. O mundo é pequeno para eles. O universo inteiro o seria. É inconcebível que alguém e outros grupos humanos não adotem sua verdade, que é única. No Alcorão se resume toda a sabedoria possível, vinda do infinito, anterior à vida humana sobre a terra. Descartada qualquer outra interpretação de seus próximos. E Maomé é o único profeta.

Esse é o verniz. No fundo, trata-se da tendência humana de exclusão dos divergentes e de apropriação do maior espaço possível, para uma sonhada felicidade material, despojada da mínima nobreza de espírito.

Como somente se vive sobre determinado espaço, é um projeto territorial. Fundados em outras razões, povos tentaram, sempre, abocanhar cada vez maiores porções territoriais, na vã esperança de dominar o planeta como um todo. Daí o panorama onipresente das guerras entre nações, desde os primórdios. O desatino segue até o momento de percepção da inviabilidade, após derrotas que custaram muito sangue recíproco. Nesse momento surgem os armistícios, a paz, lamentavelmente sempre transitória.

O que se transformou, na história da beligerância humana, foi o “modus operandi” dos conflitos. Os mais antigos se deram entre exércitos. Guerra não era coisa para civis, idosos, mulheres e crianças. Uma lógica férrea presidiu por séculos essa ética dos combates.

Ambas as guerras globais do século passado demoliram essa convicção moral, sobretudo a partir do segundo grande conflito. As trincheiras ficaram em segundo plano. Movidos por modernas tecnologias, os enfrentamentos não podiam se limitar a segmentos especializados. As bombas – e as atômicas de Hiroshima e Nagasaki – inseriram a população civil no mais cruel dos mundos. Não houve mais limites. Todos os homens participam da tragédia. Desaparecem os oásis desses desertos da razão.

O método da guerra de guerrilhas não vingou, salvo em Estados fracos, principalmente do continente africano. Propôs-se a substituir os previsíveis confrontos clássicos, com hora marcada. Grupos menores teriam a seu favor o fator surpresa. Foram derrotados depois que os exércitos oficiais se adaptaram à nova forma de luta, e assim os denominados revolucionários viram esvanecer suas utopias.

Neste momento, vivemos o pior dos modos conflituosos, o terrorismo. Solertes, ocultos, pretensamente heróicos (os homens-bomba), surpreendentes, não detectados a tempo e modo, os atos de terror fazem jorrar sangue indiscriminadamente. A infâmia, rotulada de fé espiritual, acaba de atacar, quase que simultaneamente, três continentes. Um aparente desatino consistente numa sórdida decapitação, seguida de tentativas de ataques a inflamáveis, numa fábrica nas proximidades de Lyon, na culta, civilizada e pacífica França; um inacreditável portador de metralhadora sob um guarda-sol de praia espalhou mortos, feridos e o medo na praia e em dois hotéis da Tunísia, vitimando, em grande parte, europeus em férias; e o bombardeio de uma mesquita xiita, no Kuwait, para demonstrar suposta intolerância a quaisquer variantes exegéticas, ainda que entre muçulmanos. Suposta, porquanto o objetivo é o domínio, como se disse, de todas as terras, desde onde possam implantar o centro de seu delirante Califado, e de todas as terras do mundo.

As populações civis são atacadas para ficarem mudas. Os ensandecidos membros do que consideram o Estado Global – O Estado Islâmico – bem sabem que o combustível dos governos ocidentais e democráticos é a opinião pública. Abalada esta, tomado de horror e de temor, o homem comum permanecerá calado, sem coragem de enfrentar o lobo invisível e, por conseguinte, sem pressionar seus governos a tomarem posições drásticas contra os sicários infames travestidos de religiosos. Muitas testemunhas pedem para não revelar o nome, como sói acontecer nas favelas brasileiras tomadas pelo crime organizado. Assim, paulatinamente, cresce um Estado dentro do Estado, até que a célula cancerígena provoque a metástase do primeiro.

Esse homem médio, que a mídia mundial representa, ambos, contudo, não se calarão. É seu dever – que será cumprido – não ajoelhar-se. E não turvar conceitos como o de liberdade, de institutos de direito internacional público, de justa ordem mundial tendente à paz entre os povos, equívoco claudicante cujo resultado é o enfraquecimento dos Estados que os terroristas pretendem derruir. Urge aperfeiçoar a defesa de todos os povos do mundo. O governo da Tunísia reuniu-se para tomar medidas rigorosas e dolorosas, segundo anunciou; que já deveriam ter sido tomadas. Veremos.


Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia.

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