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Opinião
04/07/2015 - 08h07
A matéria-prima do futebol
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A eliminação na Copa América pelo Paraguai pode ter salvo a Seleção Brasileira de um vexame maior, se considerarmos que o nosso algoz – Paraguai – foi batido por 6 x 0 pelos argentinos, nossos tradicionais rivais esportivos do continente. Depois do insucesso, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) prepara a montagem de um conselho com a participação dos ex-técnicos da Seleção, para buscar novos parâmetros. A idéia não é má, porém não deve ser a única inovação se o objetivo for, realmente, reerguer o futebol brasileiro ao merecido lugar de pentacampeão mundial.

Desde que o futebol deixou de ser paixão e transformou-se em negócio, vemos a CBF e os atravessadores cada dia mais ricos – a ponto de alguns irem até parar na cadeia – enquanto o futebol regional e os clubes os então celeiros de craques, vivem na miséria absoluta, atropelados pelo mercado inflacionado das grandes transações que os poucos privilegiados trazem ao meio, e descapitalizados pela falta de estrutura e de interesse do público pelos campeonatos regionais. O dinheiro alto circula junto a meia-dúzia de agremiações e aos penduricalhos que se atrelaram ao futebol, e o esporte arte e paixão é algo cada dia mais perdido no passado. As agremiações vivem todas de chapéu na mão, pedindo ajuda e buscando a renegociação de impostos que devem mas não podem pagar. A chamada Seleção Brasileira é majoritariamente constituída por jogadores que atuam no exterior e, mais do que o Brasil, representam os interesses daqueles que negociaram seus passes.

Os clubes – com raras exceções – tornaram-se empresas deficitárias exploradas por empresários que nelas investem e lucram. Passaram a ter donos. Em vez de simplesmente buscar formas de arrumar a seleção, a CBF faria melhor se alavancasse os campeonatos estaduais e regionais e, através deles, os clubes espalhados por todo o país, dando-lhes condições para voltarem a ser o celeiro de craques de outrora. A crise de valores esportivos que hoje se vive no topo nada mais é do que reflexo do descaso com a base. Melhor seria que, além dos times e campeonatos regionais, também se encontrasse fórmulas de apoiar até os campeonatos varzeanos que, durante muito tempo, foram a porta de entrada para os times profissionais das cidades interioranas.

Temos de compreender que a crise do futebol brasileiro não está necessariamente dentro do campo. O que falta é matéria-prima. Craques que possam surgir nos times locais ou regionais, nos grotões, e chegar ao topo, como um dia fizeram Pelé, Garrincha, Zito, Sócrates e outros. Os bons dirigentes serão aqueles que um dia vierem a compatibilizar os interesses do futebol rico e inflacionado (padrão Fifa), sem se esquecer da base, sem a qual jamais voltaremos a ser competitivos e fortes. Em tempo: esses dirigentes não podem se esquecer de fazer sentarem à mesma mesa, não como adversários, mas como parceiros, as emissoras de TV, Rádio e as empresas patrocinadoras do esporte, conscientizando-os de que além do próprio lucro, também precisam garantir a sobrevida do esporte.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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