Esta poderá ser a sua história... Começo este artigo falando do Sebastião, o "Tiãozinho" para sua família, quinto entre 10 filhos do Sr Manoel e Srª Maria, brasileiros simples, humildes, que viviam ali, na periferia de uma cidade com o nome de Monte Aprazível, no interior de São Paulo. O pai, Manoel, era o Sr Mané, pedreiro dos bons e com as mãos cheias de calos, construiu uma casinha humilde e tentou dar futuro aos filhos... Mas, uma doença da coluna fez parar as mãos calejadas e encostar no INSS um bom profissional... Dos 10 filhos, tinham perdido 3 por doenças comuns na infância... e Dona Maria se virava como podia, já que o mais velho tinha 22 anos e o mais novo apenas 2 anos... Era uma escadinha: 2, 4, 6, 8, 12, 14 e 22 anos. O único que trabalhava era o Sebastião, o "Tiãozinho", para o sustento da família. Trabalhava na feira livre e trazia, com todo esforço e dedicação, o sustento da família... Era uma luta enorme juntar a aposentadoria do seu pai, o Sr Mané, com o dinheiro das roupas que Dona Maria lavava e o salário, além das gorjetas do Tiãozinho... A família ia empurrando, ia levando, como se diz entre as pessoas mais humildes... Até que um dia, pressionado pelo desejo de ter coisas melhores, o "Tiãozinho" começou a comprar coisas novas para sua casa. Começou a planejar de início a geladeira, que tinha décadas de uso. Financiou uma nova, marca moderna, modelo atualizado, com capacidade para 262 litros, no valor de R$ 999,00 à vista, mas não tinha o dinheiro no bolso, e acabou optando pela compra a prazo, escolhendo a opção de parcelamento, sendo 0 + 12 parcelas de R$ 115,91, que financiada com juros de 5,5% ao mês, totalizava, ao final da compra, R$ 1.403,52, pagando de juros em 13 meses, R$ 404,52. Após alguns meses, foi a vez do fogão, já maltratado. Trocou-o por outro moderno, 6 bocas, com vidro duplo na porta do forno, e optou pelo pagamento parcelado no carnê. O valor à vista era de R$ 599,00, e como vinha pagando a geladeira, optou pela facilidade da compra, com o primeiro pagamento só em Dezembro/2005, em 12 parcelas de R$ 76,92, que no final totalizou R$ 923,04. Logo em seguida, verificando que sua mãezinha estava feliz e renovando o ambiente da casa, sem controlar a ansiedade para comprar e pelas facilidades de obter o crédito, agora foi a vez das 2 camas judiadas: fez em 15 prestações de R$ 64,06, que somavam no final R$ 960,90. Sem perceber, Tiãozinho havia comprometido nas parcelas R$ 256,89 de seu salário mínimo mensal, de R$ 260,00 por mês. Acreditava que conseguiria pagar e não imaginou que as coisas não poderiam dar certo... o mundo de Tiãozinho se transformou... O salário não foi reajustado como ele pensava que seria, as gorjetas não eram tão generosas como esperava que fossem, a "soca" (sobras) na feira não era tão abundante como antes, e ele começou a ter problemas financeiros. Começou a atrasar as prestações, chegaram as cartas de cobrança... vieram os cobradores... ele lutando, mas os meninos não podiam ficar sem comida... a aposentadoria do Sr Manoel não subia e os remédios estavam caríssimos. Enquanto isso, Dona Maria se arrebentava em lavar e passar roupas, mas tinha que cuidar dos meninos. Ele correu às financeiras, pois o nome ainda estava limpo, e levantou empréstimos para buscar o equilíbrio de suas contas. Na primeira financeira foi de R$ 500,00, para pagar em 12 parcelas de R$ 84,57. Era inocente, o dinheiro do primeiro empréstimo não deu, buscou outra financeira, e pegou emprestado mais R$ 700,00, para pagar em 24 parcelas de R$ 96,22. Vieram os vencimentos, as coisas se acumularam. Entrou numa ciranda terrível, não encontrava outras saídas a não ser o empréstimo consignado do INSS do seu pai, Sr Manoel, que ganhava R$ 260,00, e acabou convencendo a fazer o empréstimo para descontar direto na folha de pagamento, mais R$ 800,00 para pagar em 36 parcelas de R$ 42,90. Quando Tiãozinho viu que nada mais adiantava fazer para sanar o problema da bola de neve, levou um tremendo susto. Estava pagando de juros nos eletrodomésticos R$ 989,46, empréstimos das financeiras R$ 2.868,52, totalizando R$ 3.857,98 (quase 4 geladeiras pelo valor à vista). Correu aos agiotas, foi afundando cada vez mais... Hoje, está desesperado, se sentindo sem saída... O que fazer? Há alguns dias atrás, sentando num banco na praça perto de sua casa, pensava no presente que daria para sua mãe, que sofreu tanto para criar os filhos... Chegou à conclusão de que acertar sua vida financeira seria um grande presente... Essa poderia ser a história de milhões de brasileiros... sem saída, conforme pesquisei durante mais de 11 anos como autor do livro PAZ, SAÚDE E CRÉDITO - O livro que vai mudar a sua vida, cujo conteúdo fornece alguns caminhos para que não só o Tiãozinho e sua família caiam nas armadilhas da inadimplência, mas também você consiga ter enfim, PAZ E EQUILÍBRIO NA VIDA FINANCEIRA. Como podemos observar nesta simples história, milhões de brasileiros vivem na mesma situação e tiram dinheiro supertaxado, fazendo dívida para pagar dívidas, pagando juros a empresas que têm crediário próprio, financeiras, bancos e agiotas. Mesmo levantando da cadeira, não se consegue impedir as explorações e a queda das taxas de juros, principalmente quando se vive em um mercado "capitalista selvagem", e os nossos governantes nada fazem. É o preço que pagamos pela humilhação. Nota do Editor: Os fatos são reais, os nomes utilizados pelo autor são fictícios. Cláudio Boriola é Consultor Financeiro e Especialista em Economia Doméstica e Direitos do Consumidor. Autor do livro "Paz, Saúde e Crédito", batizado por Paulo Henrique Amorim como "a bíblia dos endividados".
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