Pernambuco sempre foi um estado de tradição política e cultural. Mas hoje o Leão do Norte, na política, virou um leão de circo de ponta de rua, desdentado, com o rabo pela metade, a juba também, morto de medo. Como é acanhada a classe política pernambucana de hoje. Apontem um grande nome! E tivemos Josué de Castro, Francisco Julião, Miguel Arraes, Etelvino Lins, Marcos Freire, Agamenon Magalhães... Hoje só temos pigmeus, nenhum gigante. Bom, mas o que desejo é contar um causo folclórico da política pernambucana, no tempo que ele fervia mais que o frevo. Era interventor ou governador não sei bem, Agamenon Magalhães. Era autoritário e tratava a oposição a pão e água, mas era um estadista. Seu maior adversário era um jornalista, um jornalista de verdade, Anibal Fernandes, metia o pau no governador no Diário de Pernambuco. Certa vez Agamenon fez uma viagem internacional, para a França. De navio. Quando voltou os jornalistas estavam no cais esperando para fazer a cobertura, era costume naquele tempo. Agamenon era ferino, aproveitou a ocasião para fustigar Anibal que aumentara o tom de suas críticas. Então um jornalista perguntou se o governador tinha gostado da França. O China Gordo (era seu apelido) respondeu: “Não sei, o problema é que não entendi a língua, também pudera!, o meu professor de francês foi Anibal Fernandes”. Os jornalistas fizeram mais algumas perguntas e correram para o Diário para fuxicar ao bravo jornalista que também era professor de francês do Colégio Pernambucano. Quando soube da boutade ferina de Agamenon, Anial respondeu imediatamente: “É mentira dele, eu acho que ele nem foi à França, costuma confundir os países até nas aulas de geografia que dá no Pernambucano”. Agamenon fora mesmo professor de geografia nesse colégio. Era um tempo de políticos e jornalistas mais carismáticos e que sabiam até trocar farpas com inteligência.
|